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EUA avisam a Ali Khamenei que vão reagir ao fechamento do Estreito de Ormuz

postado em 14/01/2012 10:15
Os Estados Unidos tentam mostrar ao mundo que mantêm o controle sobre o Estreito de Ormuz ; responsável pelo escoamento de 35% da produção global de petróleo. Além das recentes manobras militares na região, o governo de Barack Obama enviou um recado para o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei: caso a república islâmica interfira no fluxo de navios, como havia ameaçado, os EUA enviarão uma resposta. O aviso foi dado diretamente ao clérigo, por meio de canais secretos de comunicação, e ajudou a tranquilizar os países do Golfo Pérsico. A maioria deles, aliada dos norte-americanos, teme um bloqueio naval, o acúmulo de barris de petróleo nos portos e um conflito com a nação mais fechada do planeta.

Segundo o jornal The New York Times, que revelou o contato entre os dois governos, fontes militares já haviam falado sobre a possibilidade de uma retaliação aos iranianos. O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta, garantiu que seu país não vai tolerar qualquer tipo de restrição à passagem de embarcações pelo canal. O general Martin Dempsey, presidente do Estado-Maior Conjunto e conselheiro da Casa Branca para assuntos militares, também afirmou que os EUA iriam ;tomar medidas e reabrir o estreito;, inclusive, com o uso de recursos bélicos. ;Os norte-americanos organizariam um ataque, tendo como alvos os sistemas de controle do Irã, por terra, mar ou pelas bases militares que mantêm no Golfo Pérsico;, disse ao Correio o iraniano Anoush Ehteshami, analista da Faculdade de Governo e de Relações Internacionais da Durham University, no Reino Unido.

O recado a Khamenei, o verdadeiro homem forte do Irã, também atendeu a expectativas de nações do leste asiático. Dependentes do petróleo que sai do Golfo, inclusive do iraniano, elas temem que os desvarios do regime islâmico provoquem um desabastecimento na região. Ontem, o Japão voltou atrás na decisão de suspender a importação do petróleo de Teerã. ;Os Estados Unidos querem adotar sanções. Nós consideramos que precisamos ser extremamente cautelosos para aceitar semelhantes medidas;, ponderou o ministro japonês de Relações Exteriores, Koichiro Gemba. Na quarta-feira, o titular das Finanças do país asiático tinha dito que a suspensão da compra seria feita ;o quanto antes;.

A pressão sobre o aiatolá também tem foco na política interna dos EUA. ;Todos os candidatos republicanos à Presidência vêm criticando a administração Obama por estar tratando os iranianos sem a dureza necessária e por não levar as ameaças do regime a sério;, observa Ehteshami. A fonte que relatou ao New York Times a conversa entre o norte-americano e Khamenei não falou sobre uma eventual resposta do clérigo. Analistas temem que a tensão no Golfo Pérsico provoque um conflito sem precedentes. ;As ramificações da economia global e da segurança internacional têm longo alcance. Qualquer resposta à ameaça de fechar o estreito virá de toda a comunidade internacional;, diz Raymond Gilpin, pesquisador do US Institute of Peace, em entrevista ao Correio.

Vingança

Enquanto isso, o líder supremo iraniano prometeu punir os responsáveis pelo assassinato do cientista nuclear Mustafa Ahmadi Roshan, morto em um atentado à bomba na última quarta-feira. O funeral de Roshan foi acompanhado ontem por manifestantes, que empunhavam cartazes com frases como ;Morra Israel; e ;Morram Estados Unidos;. O presidente Mahmud Ahmadinejad, que voltou ao Irã, após um giro por países latino-americanos, defendeu a república islâmica. ;O tema nuclear é uma desculpa política. Todos sabem que o Irã não tenta fabricar bombas atômicas;, disse, ao encerrar a visita, em Quito. Até o fim de janeiro, técnicos da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) devem desembarcar em território iraniano para uma nova inspeção nas instalações nucleares do país.

Um presidente indiferente

O ex-líder cubano Fidel Castro publicou uma série de comentários sobre a visita do líder iraniano à ilha. ;Observei o presidente absolutamente sossegado e tranquilo, indiferente por completo às ameaças ianques, confiando na capacidade de seu povo de enfrentar qualquer agressão;, escreveu Fidel. ;Estou seguro de que, por parte do Irã, não devemos esperar ações irrefletidas, que contribuam para a eclosão de uma guerra. Se esta acontecer, será fruto exclusivo do aventureirismo e da irresponsabilidade congênita do império ianque;, acrescentou. Ahmadinejad, que entrou em uma disputa política interna com Khamenei, viajou à América Latina para reforçar laços com os simpatizantes do regime. Além de visitar Cuba, ele esteve na Venezuela, na Nicarágua e no Equador.

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