ROMA - As equipes de socorro italianas continuavam buscando neste sábado os desaparecidos no acidente em que um cruzeiro com mais de 4.000 pessoas, incluindo brasileiros, encalhou em Toscana, litoral oeste da Itália, provocando a morte de menos de três pessoas.
Segundo o prefeito de Toscana, Giuseppe Linari, a base do armador proprietário da embarcação indica que quase 70 pessoas ainda se encontra desaparecidas, mas pode estar junto com outros passageiros evacuados para a ilha de Giglio.
"Dos 4.234 passageiros e membros da tripulação, incluindo 52 crianças menores de seis anos, foram encontrados até o momento 4.165 pessoas, o que deixa uma diferença de 70 pessoas, mas estamos realizando buscas praticamente porta a porta na ilha de Giglio", indicou Linari.
"Há três mortos confirmados", informou ainda. "Esperamos o resultado da intervenção dos mergulhadores para verificar se alguém ficou preso na parte submersa", acrescentou. As autoridades sanitárias informaram que as três vítimas morreram afogadas.
O navio "Costa Concordia" realizava um cruzeiro de uma semana pelo Mediterrâneo quando se chocou aparentemente contra uma rocha perto da ilha de Giglio, no sul de Toscana, levando a bordo 4.231 pessoas, sendo um terço de italianos, 500 de nacionalidade alemã, 150 turistas franceses, além de japoneses, indianos e espanhois e também brasileiros. A tripulação era formada por mais de mil pessoas.
Muitos dos passageiros estavam jantando quando o navio encalhou e, tomados pelo pânico, alguns se jogaram na água gelada. Luciano Castro, um dos passageiros do "Costa Concordia", disse à imprensa italiana que por volta das 21H30 local "todos estavam jantando quando a luz apagou, houve um tranco e os pratos caíram da mesa".
Quando a luz voltou, o comandante anunciou uma avaria no gerador elétrico e garantiu um conserto rápido, mas o barco começou a adernar. A tripulação pediu que todos colocassem os coletes salva-vidas e logo veio a ordem para abandonar o navio, revelou Castro.
Outra passageira, a jornalista Mara Parmegiani, descreveu "cenas de pânico dignas do ;Titanic;", com empurrões entre os evacuados, gritos e choros. Também denunciou a falta de preparação da tripulação, afirmando que houve problemas quando os botes salva-vidas foram lançados ao mar e que alguns coletes salva-vidas não funcionaram.
Unidades da Guarda Costeira, navios mercantes e ferrys garantiram a evacuação dos passageiros e tripulantes para a ilha de Giglio. No total, 12 navios e 9 helicópteros foram mobilizados para verificar se não há ninguém no mar, segundo o porta-voz da capitania de Livorno, Emilio Del Santos.
O armador Costa Crociera, dono do barco, se declarou "consternado" e expressou seus pêsames às famílias. Indicou que não é possível determinar de imediato as causas do acidente e assegurou que a evacuação foi rápida, apesar de difícil, já que estava entrando muita água no barco.
Segundo Costa Crociere, o barco havia partido de Savona para um cruzeiro pelo Mediterrâneo, com escalas previstas em Civitavecchia, Palermo, Cagliari (Itália), Palma de Mallorca, Barcelona (Espanha) e Marselha (França). O "Costa Concordia", de 290 metros, tem 58 quartos com suíte e balcão, cinco restaurantes, 13 bares e quatro piscinas.