Agência France-Presse
postado em 18/01/2012 20:12
ILHA DE GIGLIO - O enorme navio "Costa Concordia" estabilizou-se nesta quarta-feira, o que permitirá a retomada na quinta-feira das buscas de cerca de 20 desaparecidos no naufrágio de sexta-feira à noite em frente à costa italiana."Verificamos a situação, o navio está estável. Se permanecer assim retomaremos as buscas na quinta-feira de madrugada", afirmou à AFP Filippo Marini, porta-voz da Guarda Costeira.
As buscas foram suspensas durante todo o dia de quarta-feira por razões de segurança no casco do navio, cujo naufrágio causou ao menos 11 mortos.
As autoridades conseguiram identificar um dos cinco corpos recuperados a bordo do navio, um funcionário público húngaro, encontrado a 20 metros de profundidade.
Também informaram que foi descoberta viva em seu país uma passageira alemã que estava na lista de desaparecidos, alimentando esperanças entre os familiares dos afetados.
Apesar disso, 26 pessoas estão nessa lista e ainda restam cinco corpos a serem identificados.
A libertação do comandante do cruzeiro, Francesco Schettino, principal responsável pela tragédia, que está em prisão domiciliar em sua residência de Meta de Sorrento, perto de Nápoles, gerou indignação entre alguns parentes das vítimas.
O pai da peruana Erika Soria, 25 anos, pediu nesta quarta-feira da ilha italiana de Giglio, que o responsável pelo sinistro "não fique impune pelo que fez".
"Acidentes podem ocorrer, uma avaria, quebrar o motor. Mas neste caso não foi assim. Naufragou por um erro do comandante do navio que está livre agora", declarou ao canal de notícias Sky Saturnino Soria, pai da jovem, que chegou do Peru com sua família para obter notícias da filha.
"O comandante colocou em perigo a vida de mais de 4.000 pessoas, se sabe que abandonou o navio antes de todo mundo e agora está livre", lamentou em tom indignado.
Acusado de homicídio culposo múltiplo, abandono de navio e naufrágio, pelo que corre o risco de ser condenado a 12 anos de prisão, Schettino foi detido no sábado por ordem da procuradoria por temor de que manipulasse as provas e por risco de fuga.
A juíza de instrução italiana, que decidiu a prisão domiciliar do comandante, admitiu que existem "graves indícios" de culpabilidade contra Schettino, responsável por um "desastre de proporções mundiais", disse.
A juíza Valeria Montesarchio enfatizou que o capitão se negou a voltar a bordo, apesar da ordem do comando da Capitania, e que depois de ter se abrigado em um rochedo, permaneceu várias horas na companhia de outros membros da tripulação observando as operações de resgate.
O oficial, o homem "mais odiado do mundo", segundo os sites, é defendido por seus concidadãos, que o consideram um bode expiatório, e muitos lembram que provém de uma importante família, a materna, de marinheiros e "lobos do mar".
Segundo os cálculos do Corriere della Sera, o comandante abandonou "300 pessoas" incapazes de se defender por elas mesmas, entre elas crianças, deficientes e idosos, que faziam parte dos 3.200 turistas a bordo.
Cinco dias depois do naufrágio do gigantesco barco, autoridades, técnicos e opinião pública se questionam sobre o dano ao meio ambiente que causará um navio de tais dimensões, que estava assegurado em 395 milhões de euros (507 milhões de dólares).
Os riscos de vazamento pesam apesar de ainda não terem sido iniciadas as tarefas de extração das 2.400 toneladas de combustível, cuja presença faz temer um desastre ecológico.
Max Iguera, porta-voz da Smit Salvage, empresa encarregada da extração, espera que os trabalhos de bombeamento sejam iniciados em "poucos dias".
Apesar do naufrágio do "Costa Concordia", a maioria dos passageiros do cruzeiro "Costa Serena" manifestaram que se sentiam "tranquilos" de navegar nesses gigantes do mar.
O navio partiu na sexta-feira às 19H00 (16H00 de Brasília) de Civitavecchia, perto de Roma, e se chocou contra uma rocha perto da Ilha de Giglio, na costa da Toscana, antes de naufragar.