Agência France-Presse
postado em 21/01/2012 17:47
ILHA DE GIGLIO - As equipes de resgate encontraram neste sábado o corpo de uma mulher no navio Costa Concordia, o que aumentou para 12 o número de mortos no naufrágio da embarcação, há uma semana, enquanto prosseguiam as buscas com uma última esperança.O corpo foi encontrado às 13H30 (10H30 de Brasília) pelos mergulhadores da guarda costeira, no quarto andar, no setor da popa. O número de vítimas fatais se elevou, desta forma, a 12, enquanto 20 dos 4.229 passageiros e tripulantes do Concordia permanecem desaparecidos.
Entre os desaparecidos, há alemães, um jovem casal de franceses e um casal de aposentados americanos.
"O corpo foi levado a terra firme e as famílias foram contactadas. Mas será necessário realizar testes de DNA para identificá-lo, já que, após uma semana na água, ele não é identificável", disse uma fonte dos carabineiros.
Até o momento, apenas oito das vítimas puderam ser identificadas formalmente: seis turistas - quatro franceses, um espanhol e um italiano -, uma camareira peruana e um violinista húngaro.
A descoberta do cadáver da mulher ocorreu no momento em que o chefe da Defesa Civil italiana, Franco Gabrielli, nomeado sexta-feira comissário especial para supervisionar as operações, encontrava-se na ilha de Giglio.
"Não estabelecemos nenhum prazo para as buscas" dentro do Concordia, que permanece parcialmente submerso a cerca de 30 metros da costa da ilha, disse à imprensa.
Também afirmou que os socorristas estão elaborando planos com base em informações fornecidas por familiares de desaparecidos para controlar cada metro do imenso navio de 17 pontes, suspenso em equilíbrio sobre um penhasco, e que ameaça deslizar em direção às profundezas.
Os pais de Mylene Litzler, de 23 anos, e de Michael Blemand, de 25, um casal de franceses, lançaram desde Giglio um dramático chamado aos 4.200 ocupantes do Concordia para que forneçam o "menor indício" que permita saber onde se encontravam os dois jovens desaparecidos durante a evacuação.
A exploração em profundidade dos restos do Concordia foi retomada neste sábado, mas a esperança de encontrar com vida algum dos 20 desaparecidos é mínima.
O navio se estabilizou e os mergulhadores da Marinha voltaram a abrir buracos no casco, graças a microexplosivos, a 20 metros de profundidade, para abrir passagem em direção à zona na qual esperam encontrar os desaparecidos.
"Seria preciso um milagre. Inclusive, ainda que tivesse sido criada uma bolha de ar quando o navio afundou, em tais condições, com temperaturas (da água) muito baixas, a possibilidade de encontrar alguém com vida se reduz ao mínimo", explicou à AFP o porta-voz da guarda-costeira, Cosimo Nicastro.
"Hoje procuramos entre as pontes 3 e 4", indico Nicastro, referindo-se à região do barco onde os passageiros se reagruparam durante a caótica evacuação da embarcação.
"A esperança de encontrar alguém com vida na parte submersa diminui a cada dia", lamentou Nicastro, apesar de assinalar que os mergulhadores continuarão insistindo na tarefa.
A mãe de Dayana Arlotti, uma menina italiana de cinco anos que desapareceu com seu pai na noite do naufrágio, ainda acredita em um milagre. Não participou na sexta-feira de uma cerimônia na qual os pais das vítimas lançaram flores em direção aos restos do barco.
Um dos participantes foi Saturnino Soria, pai de Erika, uma jovem camareira peruana desaparecida.
Em relação à busca dos corpos, Nicastro considerou que é "mais provável encontrá-los no interior do navio do que no mar".
Paralelamente à busca dos desaparecidos, são concluídos os preparativos para o bombeamento das 2.380 toneladas de combustível transportadas pelo "Concordia" no momento do acidente, com o objetivo de evitar um desastre ecológico.
A organização italiana de consumidores Codacons anunciou que apresentará "na terça ou quarta-feira" a demanda de uma centena de pessoas em Miami, sede da Carnival, casa matriz da Costa, proprietária do "Concordia".
O Concordia naufragou na noite de sexta-feira, dia 13, a 30 metros da costa, após se chocar com rochas diante da ilha de Giglio, apenas duas horas e meia depois de ter abandonado o porto de Civitavecchia para um cruzeiro pelo Mediterrâneo, com 4.229 pessoas a bordo (3.200 turistas e mil tripulantes).
O capitão Francesco Schettino reconheceu ter cometido um "erro" ao passar muito perto da costa, mas assegurou, segundo revelou à imprensa neste sábado, que informou rapidamente a companhia Costa, proprietária do barco.
"Fiz uma besteira, enviem rebocadores e helicópteros", parece ter dito o capitão a uma autoridade do Costa apenas 15 minutos depois da colisão.