Agência France-Presse
postado em 22/01/2012 16:19
CAIRO - O advogado do presidente egípcio deposto Hosni Mubarak considerou neste domingo que seu cliente continua sendo presidente, já que não renunciou ao seu cargo, razão pela qual não pode ser julgado."Mubarak não escreveu nenhuma carta de renúncia", declarou Farid el Dib durante o julgamento do ex-presidente, acrescentando que este documento havia sido assinado pelo ex-chefe dos serviços de inteligência. A Constituição prevê que o presidente deve assinar sua renúncia, assegurou.
Na quarta-feira, a defesa de Mubarak havia acusado o exército pela morte de manifestantes durante a revolta de 2011, e exonerou de qualquer responsabilidade o ex-líder do Egito, contra o qual a promotoria pediu a pena de morte.
Farid el Dib sustentou então que seu cliente e outros sete acusados - o ex-ministro do Interior Habib el Adli e outros seis responsáveis da segurança - não podiam ser acusados da violência exercida a partir de 28 de janeiro de 2011, três dias depois do início da revolta contra Mubarak.
Nesse dia, Mubarak decidiu recorrer ao exército para manter a ordem e impor o toque de recolher. Segundo seu advogado, as pessoas mortas e feridas sofreram a violência depois que o exército começou a se encarregar da segurança.
As informações revelam, no entanto, que ocorreram mortes e pessoas feridas em vários pontos do Egito antes de 28 de janeiro.
Os militantes anti-Mubarak e os advogados das famílias das vítimas afirmam que a violência foi cometida pela polícia e por bandidos enviados pelo poder contra os manifestantes.
Os promotores disseram também que Mubarak deu ordens nesse sentido, ou ao menos não podia ignorar a violência cometida por sua polícia.
Cerca de 850 pessoas morreram durante a revolta popular de janeiro e fevereiro de 2011, segundo números oficiais. Mubarak se viu obrigado a renunciar no dia 11 de fevereiro.