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Cuba rejeita críticas por morte de preso; oposição quer investigação

Agência France-Presse
postado em 23/01/2012 18:11
Havana - O governo de Cuba atacou nesta segunda-feira (23) a União Europeia, em particular a Espanha, além de Estados Unidos e Chile, por suas críticas à morte do opositor preso Wilman Villar numa greve de fome, ao mesmo tempo em que um grupo cubano de direitos humanos pediu autorização ao governo de Raúl Castro para investigar o caso.

Villar, um operário do setor têxtil de 31 anos, morreu na quinta-feira num hospital de Santiago de Cuba, 900 km a sudeste de Havana, depois de 50 dias de greve de fome para exigir sua liberdade, segundo a dissidência. Era membro da União Patriótica de Cuba, grupo opositor dirigido pelo ex-preso político José Daniel Ferrer.

"Sobre a morte, no dia 19 de janeiro, do recluso Wilmar Villar Mendoza, solicitamos as garantias necessárias para fazer uma investigação", disse a Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional, dirigida pelo opositor Elizardo Sánchez, em carta ao ministro do Interior, general Abelardo Colomé.

"Devem ser descartadas possíveis irregularidades" na detenção de Villar no dia 24 de novembro, assim como no "julgamento sumaríssimo dele organizado nesse mesmo dia, quando também foi iniciada sua greve de fome, seu traslado a um hospital (...), e a irreversível agonia, funeral e enterro", diz a carta, com cópia entregue.

"Seu protesto pacífico ante uma condenação injusta e desproporcional, foi reprimido por oficiais do Ministério do Interior com castigo severo e confinamento solitário sob condições desumanas", acrescenta a carta da Comissão - um grupo ilegal, embora tolerado pelo governo.

A morte de Villar motivou uma onda de críticas a Havana no exterior e manifestações de dor e ira entre a dissidência.

Um editorial do governo cubano atacando a União Europeia, os Estados Unidos, a Espanha e o Chile, por suas críticas à morte do opositor preso, ocupou a primeira página do jornal oficial Granma.

O jornal diz que o ministro e porta-voz do governo do Chile, Andrés Chadwick, que criticou a morte, "deve manter vivas as lembranças de seus dias de líder estudantil ligado aos militares golpistas de (o general Augusto) Pinochet que massacraram seu povo e estenderam o desaparecimento e a tortura a todo o Cone Sul".

"Algumas autoridades espanholas e da União Europeia se apressaram em condenar Cuba sem tentar sequer informar-se sobre o assunto, usando, sempre, a mentira quando se trata de Cuba", acrescentou.

"Como qualificariam eles a brutalidade policial manifestada na Espanha e na maior parte da ;culta e civilizada Europa;, muito recentemente, contra o movimento dos ;indignados;?", questionou.

"Não poderia faltar nesta campanha o governo dos Estados Unidos, principal instigador de qualquer esforço por tornar Cuba desacreditada, com o único propósito de justificar sua política de hostilidade, subversão e de bloqueio econômico, político e da mídia contra o povo cubano", acrescentou o Granma.

A Igreja Católica, que em maio de 2010 iniciou um diálogo com o governo que levou à libertação de 130 presos políticos, manteve silêncio sobre a morte de Villar.

A morte ocorreu enquanto a Igreja prepara os detalhes da visita do Papa Bento XVI, de 26 a 28 de março ao país, e quando o presidente Raúl Castro organiza a conferência nacional do Partido Comunista, marcada para este sábado.

"As campanhas anticubanas não vão dividir a Revolução", afirmou o Granma. Para o jornal "é evidente a intenção de impor uma opinião diabólica, destinada a mostrar uma deterioração sensível da situação dos direitos humanos na Ilha".

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