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Regime do ditador Bashar Al-Assad rejeita proposta de transição política

postado em 24/01/2012 08:48
; Larissa Garcia

O regime do presidente sírio, Bashar Al-Assad, rejeitou ontem o plano apresentado pela Liga Árabe para pôr fim à crise instalada no país em março de 2010. Segundo o projeto, o ditador seria substituído pelo vice, Faruk Al-Shara, que ficaria à frente de um governo de unidade nacional. Durante dois meses, o novo mandatário contaria com o auxílio de representantes da oposição para administrar o país, até que novas eleições fossem organizadas.

O cenário na Síria se aproxima de uma guerra civil, com a escalada da violenta repressão exercida pelas forças de segurança do governo sobre os opositores, principalmente na cidade de Homs ; o centro nevrálgico do levante popular contra Al-Assad. Estima-se que 5 mil pessoas tenham sido mortas nos últimos 10 meses. Os Comitês Locais de Coordenação (LCC), responsáveis pela organização dos protestos no país, informaram que somente ontem 33 civis foram mortos, incluindo duas crianças.

Carro blindado do Exército é visto em rua de Homs, centro do levante contra Al-Assad: país registrou ontem 33 mortos

Uma fonte do governo disse à Sana, agência estatal da Síria, que o plano da Liga Árabe é mais uma forma de conspiração contra o país e que ;a medida ignora os esforços de Damasco para a implementação do programa de reforma anunciada pelo presidente, relacionado ao pluralismo político para construir uma nação renovada e com uma nova Constituição;.

Analistas consideram que a proposta da Liga Árabe significaria o fim da era Al-Assad. ;A mudança política que eles sugeriram é altamente significativa. Ela está efetivamente sinalizando que o presidente sírio tem que renunciar;, opinou Salman Shaikh, diretor do Brookings Doha Center, um instituto de pesquisas socio-econômicas e geopolíticas dos Estados Unidos.

Apoio europeu

A fim de pressionar as mudanças políticas na Síria, os ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE) ; bloco com 27 países ; aprovaram sanções a mais 22 integrantes do regime. As medidas afetam militares e dirigentes de empresas e entidades governamentais. Entre as medidas de punição, estão o congelamento de todos os bens e contas bancárias e a proibição de entrada em territórios de países-membros do bloco. As pessoas incluídas na lista são acusadas de violarem os direitos humanos.

Controle islamita

A dois dias do primeiro aniversário da revolta popular que derrubou o ditador Hosni Mubarak do poder, o deputado islamita Mohamed Saad Al-Katatni, da organização Irmandade Muçulmana, foi eleito ontem presidente da Assembleia Popular do Egito, a Câmara Baixa do Parlamento. ;Queremos construir um novo Egito, um Egito constitucional, democrático, moderno. A democracia será a fonte da força de nosso Parlamento;, discursou Al-Katatni, sob aplausos, durante a primeira sessão do Legislativo desde a queda de Mubarak. Os islamitas ocupam 75% das 498 cadeiras da assembleia, o que garantiu uma eleição expressiva para Al-Katatni, com 399 votos.

A votação ocorreu durante a primeira sessão do novo Parlamento. Aos 59 anos, Al-Katatni é secretário-geral do Partido da Liberdade e da Justiça (PLJ), surgido da Irmandade Muçulmana, que elegeu 47% (235) dos parlamentares, em fevereiro de 2011.

No próximo domingo, começará a eleição para o Senado. Caberá ao Parlamento designar uma comissão encarregada de redigir uma nova Constituição para o país. O texto deverá ser aprovado antes de junho, data prevista para a eleição presidencial egípcia, última etapa do processo de transição política do país. Ontem, a Justiça egípcia retomou o julgamento do processo em que Mubarak e integrantes de seu governo são acusados da morte de manifestantes que participaram da revolta do ano passado. Mais uma vez, o ex-presidente chegou para a audiência deitado em uma maca.

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