postado em 28/01/2012 09:43
A empresa Costa Cruzeiros ofereceu indenizações aos sobreviventes do navio Costa Concordia, que naufragou na costa da Ilha de Giglio, na Itália, na noite de 13 de janeiro. A proposta da companhia responsável pelo cruzeiro, anunciada ontem, consiste em uma indenização individual no valor de 11 mil euros (cerca de R$ 25 mil), além de 3 mil euros (R$ 6,9 mil) adicionais, destinados a cobrir o preço da passagem e eventuais gastos com transporte ou médicos. ;O acordo diz respeito a 3 mil passageiros de 60 países, entre eles 900 italianos. Estimamos que 85% deles vão aderir;, destacou um comunicado da Adoc, organização italiana de consumidores que integra o Comitê de Náufragos do Concordia, associação que negocia o acordo com a Costa Cruzeiros, proprietária da embarcação. Com a oferta, a empresa quer evitar uma enxurrada de ações judiciais.
Os náufragos feridos e os parentes dos passageiros mortos não farão parte desse acordo. Negociações à parte serão realizadas. A Costa Cruzeiros se compromete a divulgar a oferta em vários idiomas para incluir todos os passageiros e a liquidar o ressarcimento uma semana após a aceitação da oferta. ;É um acordo democrático que não faz distinções entre categorias sociais ou países de origem, é válido em todo o mundo e a Costa Cruzeiros vai divulgá-lo em todas as línguas;, disse Carlo Pileri, presidente da associação dos consumidores, à agência France-Presse. A proposta surgiu dois dias após um grupo de americanos entrar com ação indenizatória contra a empresa. João Jorge Squeff, 54 anos, é um dos 53 brasileiros que estavam a bordo do navio. Ele conta que, até ontem à tarde, só havia sido informado sobre a oferta por meio de publicações da imprensa. ;Tudo que soube foi pelo que vi nos jornais. Ninguém da empresa me contatou até agora;, disse ao Correio, ontem à tarde. ;Tem esse valor que foi publicado, mas não sei se vai ser só isso. Afinal, repito, não recebi comunicado algum. Estou no aguardo;, comentou. O morador de Brasília estava acompanhado da mulher, Roselani Gomes, 52, e dos filhos Ayke, 18, e Krystal, 12.
Desde o acidente, várias associações se mobilizaram para processar a Costa Cruzeiros, e diversos coletivos de vítimas foram criados. Os valores das indenizações pedidas nos Estados Unidos, reveladas na última segunda-feira, são muito superiores à oferta da Costa Cruzeiros: no mínimo 125 mil euros por passageiro ileso, ;várias vezes esse valor; para os feridos e ;mais de um milhão a vários milhões de euros; aos familiares dos mortos no acidente.
Enquanto isso, a Justiça italiana busca os culpados pelo naufrágio. Por ora, apenas o comandante do navio, Francesco Schettino, e o primeiro oficial Ciro Ambrosio estão sob investigação. Eles são acusados de homicídio culposo múltiplo, naufrágio e abandono de navio. Schettino teve prisão domiciliar decretada, enquanto Ambrosio responde em liberdade.
Mais de 4 mil pessoas, entre passageiros e tripulantes, estavam a bordo do Costa Concordia. Até ontem haviam sido confirmadas 16 mortes. Ainda há 16 desaparecidos. O naufrágio aconteceu depois que o navio bateu em um rochedo próximo da Ilha de Giglio, situada no principal arquipélago da Toscana.
"Retiro espiritual"
Depois do capitão Francesco Schettino, acusado de ter abandonado o Costa Concordia em pleno naufrágio, ontem a imprensa italiana revelou mais um personagem controverso no episódio. Entre os passageiros do cruzeiro marítimo, estava um religioso italiano que justificara sua ausência na paróquia dizendo aos fiéis que iria fazer uma semana de retiro espiritual. O padre Massimo Donghi, entretanto, foi descoberto como um dos que saíram com vida do naufrágio do Costa Concordia. O que o entregou foi uma mensagem divulgada por sua sobrinha em uma rede social.
Segundo informações publicadas ontem pelo jornal italiano Corriere della Sera, o padre havia comunicado aos paroquianos de Besana Brianza, na região de Lombardia, que tiraria uma semana para meditar. Mas embarcou com a mãe e a sobrinha no cruzeiro, que naufragou no último dia 13 em frente à ilha italiana de Giglio.
O paradeiro real do religioso foi revelado horas depois da tragédia pela jovem, que, logo após chegar em terra, postou uma mensagem no Facebook. Com o intuito de tranquilizar amigos e parentes, relatou que ela, o tio e a avó haviam conseguido lugares em um bote salva-vidas que os levou até Giglio, como fizeram tantos outros sobreviventes.
O palco do retiro espiritual era um luxuoso navio com 1,5 mil cabines, sendo que mais de 500 tinham varanda para o mar; 13 bares com diferentes tamanhos e temas de decoração; três restaurantes de luxo, além de um cassino e quase 2 mil metros quadrados de área para esportes. Os fiéis da paróquia ficaram muito surpresos com a notícia e, agora, pedem explicações ao padre.