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Delegação da AIEA chega ao Irã para analisar programa nuclear

postado em 29/01/2012 16:57
Teerã - Uma delegação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), liderada por seu inspetor-chefe, iniciou neste domingo (29) no Irã uma visita de três dias para esclarecer todas as "questões importantes" pendentes sobre o programa nuclear da República Islâmica.

Durante sua estada de três dias no Irã, o chefe dos inspetores da AIEA, o belga Herman Nackaerts, pretende se reunir com autoridades iranianas, indicou a agência iraniana IRNA.

Entre os especialistas da AIEA está o número dois da agência e diretor de assuntos políticos, Rafael Grossi. A agência acrescentou que os membros da delegação "visitarão provavelmente Fordo", a segunda maior usina de enriquecimento de urânio do Irã, ao sul de Teerã.

A AIEA indicou no dia 9 de janeiro que o Irã começou a controversa produção de urânio enriquecido a 20% em Fordo, um bunker subterrâneo localizado em uma montanha e difícil de atacar. Enriquecido a 90%, o urânio pode servir para fabricar uma bomba atômica.

Fontes diplomáticas em Viena indicaram que a americana Peri Lynne Johnson, diretora de assuntos jurídicos da agência, também faz parte do grupo de observadores.

O presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, assegurou neste domingo que a visita desta delegação da AIEA permitirá "provar" a vontade da agência da ONU de "corrigir sua atitude", que Teerã considera preconceituosa.

"Esperamos da AIEA que mude sua atitude (...) e faça um trabalho técnico", declarou Larijani, citado pela televisão estatal. Se a AIEA "se transformar em um instrumento (político dos ocidentais), então a República Islâmica será obrigada a refletir sobre suas relações" com esta agência, acrescentou.

Já o ministro iraniano das Relações Exteriores, Ali Akbar Salehi, atualmente na cúpula da União Africana em Adis Abeba, declarou-se "otimista" sobre a visita da delegação da AIEA.

"Sempre tivemos uma longa e estreita colaboração com a agência e sempre mantivemos a transparência como um de nossos princípios de trabalho com a agência", declarou o ministro.

Nackaerts havia declarado no sábado em Viena, antes de viajar, que esperava que Teerã retomasse o diálogo com a AIEA.

"Estamos ansiosos para iniciar o diálogo, um diálogo que deveria ter ocorrido há muito tempo", declarou aos jornalistas no aeroporto de Viena.

"Esperamos que o Irã discuta conosco uma possível dimensão militar" de seu programa nuclear, acrescentou. Este ponto foi tratado em novembro de 2011 no relatório da última delegação da AIEA. Sua publicação levou a um aumento da pressão dos Estados Unidos e da União Europeia sobre o Irã.

As grandes potências ocidentais suspeitam que o Irã tente se dotar da bomba atômica, embora as autoridades iranianas neguem o fato.

O Irã, que reitera o caráter exclusivamente pacífico de seu programa nuclear, é alvo de sanções por parte das Nações Unidas.

As últimas negociações com o Irã fracassaram, em janeiro de 2011 em Istambul. As grandes potências (Estados Unidos, Rússia, China, França, Grã-Bretanha e Alemanha) queriam centrar as negociações no programa nuclear iraniano. Teerã, em troca, queria que as negociações incluíssem também questões de segurança regional e internacional.

Enquanto isso, o Parlamento iraniano adiou neste domingo o debate sobre a proibição eventual da venda de petróleo à Europa, declarou o porta-voz da Comissão de Energia, Emad Hosseini. Na semana passada, vários deputados anunciaram que apresentariam um projeto de lei nesse sentido em resposta ao embargo decidido pela União Europeia contra Teerã.

A Alemanha respondeu a esta proposta dos deputados iranianos pedindo prudência por um possível aumento das tensões.

Guido Westerwelle, ministro alemão das Relações Exteriores, ouvido pelo jornal Welt am Sonntag, disse que, "no Irã, observamos um lamentável e perigoso aumento (de tensões) nos discursos". Os líderes iranianos "devem entender que têm nas mãos as chaves para reduzir as tensões.

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