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Yoani Sánchez acredita que medo fez Cuba negar permissão de viagem

postado em 04/02/2012 08:00
Visto de turista concedido pelo Itamaraty a Yoani: sem utilidade
Medo e vingança. Para a blogueira Yoani Sánchez, 36 anos, estas foram as motivações que levaram o governo cubano a rejeitar-lhe, pela 19; vez em quatro anos e meio, a permissão de saída da ilha socialista. O regime de Raúl Castro indeferiu o pedido de Yoani para que visitasse o Brasil na próxima semana. ;Eles têm medo de que essa viagem potencialize a voz a favor da sociedade civil em Cuba, e se vingam por terem me visto tomar os meus direitos de cidadã, publicamente;, afirmou Yoani ao Correio, por telefone, de Havana. ;A vingança e o medo são características típicas dos covardes;, acrescentou. O governo cubano não explicou os motivos da não concessão do benefício. ;As autoridades me deram a negativa verbal e um documento, que não revela as motivações da proibição;, relatou.

Em 26 de janeiro, quatro dias antes da chegada da presidente Dilma Rousseff a Havana, o Itamaraty havia liberado o visto de turista para a cubana. A decisão ocorreu após gestão do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, junto à chancelaria de Cuba. Sem a autorização, o documento ; com prazo de validade de 90 dias ; torna-se inútil. Yoani era a convidada do documentarista Dado Galvão para participar do lançamento do filme Conexão Cuba-Honduras, que aborda a história da blogueira.

;A pergunta que me faço é se Dilma falou sobre o tema e Raúl Castro não prestou atenção ou se o meu caso não foi abordado em Havana;, desabafou. Em mensagem direcionada à presidente brasileira, publicada no microblog Twitter, Yoani disparou: ;De que vale termos um porto tão grande e moderno, se não poderemos sair por ele?; Ela se referia ao Porto de Mariel, o maior projeto de infraestrutura na ilha, assinado pela construtora brasileira Odebrecht. À reportagem, Yoani voltou a criticar Dilma. ;Ao ignorar os direitos humanos, ela outorgou a Cuba uma certa impunidade para violá-los.;

Diferença
Yoani ironizou o fato de o anúncio ter coincidido com uma viagem de Raúl à Venezuela. ;Isso deixa em evidência que existe uma grande diferença entre o funcionário público e o cidadão comum. Os cidadãos não têm a possibilidade de entrar e sair livremente de seu país, como Raúl;, disse. Ela promete insistir na denúncia do ;absurdo migratório que afeta milhões;. ;Durante 50 anos, o governo de Cuba vendeu a imagem de que a ilha é um paraíso, enquanto o resto do mundo é um inferno. Não permite que seus cidadãos comprovem que lá fora existe liberdade;, declarou.
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