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Dezessete mortos em novo assalto militar na cidade síria de Homs

Agência France-Presse
postado em 06/02/2012 10:47
Damasco - O exército sírio lançou nesta segunda-feira (6/2) um novo assalto contra a cidade rebelde de Homs, deixando 17 mortos e dezenas de feridos, em um conflito marcado também pela tensão internacional depois do veto da Rússia e da China na ONU a um projeto ocidental para condenar a repressão do regime de Bashar al-Assad.

Pelo menos 17 civis caíram como mártires e dezenas foram feridos no bombardeio contra os bairros de Jaldiye, Baba Amro, Inshaat e Bab Sbaa desde a madrugada, segundo um comunicado do OSDH, que tem sede na Grã-Bretanha. "Este é o bombardeio mais violento de Baba Amro desde o início da revolta em março de 2011", afirmaram os Comitês Locais de Coordenação (LCC).

Na madrugada de sábado, outro ataque, dirigido principalmente contra o bairro de Jaldiye, deixou mais de 230 mortos nesta cidade rebelde, segundo a oposição síria, que denunciou um massacre. As autoridades sírias negaram qualquer envolvimento e acusaram "grupos armados". Os canais árabes Al-Arabiya e Al-Jazeera exibiam nesta segunda-feira imagens ao vivo de colunas de fumaça em Homs, chamada de "capital da revolução", com as convocações para as orações nas mesquitas e o barulho das explosões ao fundo.

As informações não puderam ser verificadas de maneira imediata com fontes independentes, em consequência das fortes restrições de deslocamento impostas aos jornalistas estrangeiros no país. "Baba Amro sofre um bombardeio violento com foguetes e morteiros desde o início da manhã e há um grande número de mártires", declarou Omar Shaker, um militante do bairro entrevistado pela AFP em Beirute. "É a primeira vez que sofremos um ataque assim", completou, antes de afirmar que tanques do Exército se posicionaram na Universidade de Homs.

Homs está cercada há vários meses pelas forças do regime. No domingo, 23 civis morreram em ataques. Esta nova ofensiva, denunciada pelos opositores ao regime, acontece no dia seguinte a um veto sino-russo contra uma resolução da ONU de condenar a repressão na Síria e na véspera da visita a Damasco do primeiro-ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov.

Nesta segunda, Lavrov denunciou a reação "indecente e histérica" do Ocidente depois do veto russo e chinês. "Certos votos no Ocidente que reagiram à votação da ONU são indecentes e quase histéricos", declarou Lavrov.

As autoridades chinesas também rebateram as acusações americanas de que Pequim e Moscou protegem o regime sírio. "A China não aceita as acusações dos Estados Unidos sobre o veto relativo a Síria", declarou o porta-voz da chancelaria, Liu Weimin. "Nós não protegemos ninguém", completou, em uma referência às palavras da secretária de Estado americana, Hillary Clinton. "Os países que se negaram a apoiar o plano da Liga Árabe assumem a plena responsabilidade de proteger o regime de Damasco", declarou Hillary no domingo.

O plano de paz da Liga Árabe, no qual estava amplamente baseado o projeto de resolução da ONU, prevê o fim da violência e a transferência dos poderes de Bashar al-Assad a seu vice-presidente antes da abertura das negociações com a oposição.

Esta foi a segunda vez que Moscou e Pequim impediram o Conselho de Segurança de aprovar uma resolução contra a Síria, após quase 11 meses de silêncio sobre a repressão do regime de Bashar al-Assad, que matou pelo menos 6.000 pessoas, segundo ativistas. O Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão de oposição, pediu à comunidade internacional que atue rapidamente par impedir um novo massacre, depois do bombardeio que deixou mais de 120 mortos em Homs, de acordo com os militantes.

O regime negou ter bombardeado Homs e atribuiu a violência a "grupos armados", como faz desde o início da revolta, há cerca de 11 meses. Ao menos 6.000 pessoas morreram desde então, segundo a oposição. O veto sino-russo na ONU contra uma resolução condenando a repressão na Síria provocou indignação no mundo árabe, no Ocidente e entre a oposição.

Após o fracasso dos esforços diplomáticos nas Nações Unidas, os Estados Unidos anunciaram a vontade de reforçar as sanções contra Damasco, para fazer secar as fontes de financiamento e as entregas de armas ao regime do presidente Bashar al-Assad.

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