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Síria volta a reprimir opositores. "É uma carnificina", diz morador

postado em 07/02/2012 06:00
Kuweitianos protestam contra o veto à resolução na ONU e usam foto para comparar o presidente russo, Dmitri Medvedev, ao líder nazista, Adolf Hitler
;O que se irrita raramente tem razão.; O provérbio foi usado ontem pelo chanceler russo, Serguei Lavrov, em resposta à ;reação indecente e quase histérica; do Ocidente após o veto de Pequim e de Moscou a uma resolução do Conselho de Segurança da ONU condenando a repressão na Síria. O governo chinês seguiu a mesma linha e avisou que não aceita acusações sobre o veto. O ditador sírio, Bashar Al-Assad, aproveitou o respaldo de seus aliados para intensificar a repressão aos opositores.

Enquanto uma chuva de morteiros voltava a cair sobre a cidade de Homs (centro), os Estados Unidos fechavam sua embaixada em Damasco, recomendavam a saída de todos os americanos do país árabe e enviavam uma dura advertência à Rússia e à China. ;Algumas nações não deveriam tentar apostar no regime de Al-Assad, porque (esta) já é uma aposta perdida;, declarou Jay Carney, porta-voz da Casa Branca. ;Apostar tudo em Al-Assad é se autocondenar ao fracasso;, insistiu, ao chamar o governo da Síria de ;criminoso;. Ativistas denunciaram que os bombardeios de ontem mataram pelo menos 69 pessoas, em sua maioria civis ; 58 eram moradores de Homs.

A porta-voz do Departamento de Estado americano, Victoria Nuland, admitiu que a Síria enfrenta uma violência crescente. ;Isso revela que o regime está perdendo o controle;, afirmou. Ela atribuiu o fechamento da representação diplomática à preocupação com o risco de o prédio ser alvo de um ataque. Nuland reiterou que, apesar de ter deixado o território sírio, o embaixador Robert Ford segue no posto, mas passará a manter contatos com a oposição. E mandou um aviso ao Kremlin. ;Esperamos que Lavrov aproveite esta oportunidade para fazer o regime de Al-Assad compreender o quão isolado está;, comentou, referindo-se ao chanceler russo, que desembarca hoje em Damasco. Para ampliar esse isolamento, o Reino Unido convocou seu embaixador na Síria ;para consultas;.

Sobrevivente
Por telefone, de Homs, o engenheiro Abo Emad (nome fictício) confirmou que o bairro de Baba Amro, onde vive, sofreu o mais violento ataque desde o início da revolta, em março de 2011. ;É uma carnificina, uma atrocidade. Não há comida, faltam suprimentos médicos e ninguém está nos ajudando;, desabafou ao Correio. Segundo ele, a ofensiva das tropas de Al-Assad contra Baba Amro teve início ontem às 5h (1h em Brasília). ;Durante 10 horas, as forças do regime dispararam bombas a vácuo e morteiros. Atingiram hospitais, escolas e prédios civis. Os tanques cercaram a cidade. Vários feridos ficaram presos sob os escombros. Tudo o que se move é atingido, sem piedade. Os soldados atiram e, depois, lançam bombas;, relatou. Emad contou que franco-atiradores estão espalhados pelo bairro, onde 12 pessoas morreram. ;Eles disparam contra qualquer civil que veem;, denunciou.

Confira matéria completa na edição de hoje do Correio Braziliense

Podcast: Morador de Baba Amro, em Homs (Síria), fala sobre os ataques das tropas sírias
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