Agência France-Presse
postado em 07/02/2012 12:27
Pequim - A China, com uma crescente influência mundial, gasta bilhões de dólares para melhorar sua imagem, mas seus esforços são cada vez mais comprometidos pelo firme apoio que fornece a regimes pouco apresentáveis, começando pelo da Síria.Pequim é alvo de múltiplas críticas desde que vetou junto com Moscou, no último fim de semana, um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU condenando a repressão das forças de Bashar al-Assad.
Esse veto duplo, que provocou a indignação dos ocidentais e inclusive a raiva de diversos países árabes, foi classificado de "licença para matar" pela oposição na Síria, onde a repressão já teria provocado mais de 6 mil mortes.
A China rejeitou as acusações americanas segundo as quais protege a Síria, e assegurou "defender a justiça na questão síria".
"Pequim enfrenta problemas repetidos quando sua política nacional entra em conflito com seu desejo de melhorar a imagem da China", destacou Jonathan Fenby, do instituto de estudos Trusted Sources.
"Esse foi o caso com a prisão do prêmio Nobel da Paz 2010 (Liu Xiaobo) e é também agora com o veto sobre a Síria. A China demonstra que sua política nacional, incluindo a defesa de seus ;interesses fundamentais;, paga o preço", prosseguiu, designando a capacidade de convencer através de meios não coercitivos, como a cultura ou a ideologia.
Pequim tenta propagar no exterior sua cultura e sua propaganda oficial, esperando assim que a segunda maior potência mundial projete uma imagem positiva em nível internacional.
Assim, a China atribuiu grandes somas para a expansão no externa de seus grandes meios informativos.
Pequim também tornou mais importante a rede de seus institutos Confucio, cujo objetivo é promover o idioma e a cultura chineses.
"Pequim tem êxito em promover uma imagem positiva da China perante o público estrangeiro, em particular no mundo não ocidental. As pessoas ficam impressionadas com seu sucesso econômico e por sua estabilidade social", considerou William Callahan, professor de Ciência Política na Universidade de Manchester.
Mas "no Ocidente não acredito que conquiste tal sucesso", acrescentou.
É verdade que a China, consciente de ser considerada no Ocidente um Estado autoritário que reprime a liberdade de expressão e a dissidência, não melhora a situação com suas alianças com Estados pouco frequentáveis, como Síria, Coreia do Norte, Irã, Zimbábue ou Sudão.
[SAIBAMAIS]A Irmandade Muçulmana da Síria acusou na segunda-feira Rússia, China e Irã de serem "cúmplices das mortes" cometidas no país.
Os dirigentes do PCC veem a China como um recém-chegado ao mercado mundial, obrigado a ir a locais ou países onde os países da OCDE (como Estados Unidos, Grã-Bretanha e França) não dominam, prosseguiu.
Willy Lam, um especialista da China na Universidade de Hong Kong, pensa que Pequim será cada vez mais vítima do ostracismo, depois da Primavera Árabe.
"Sim, como é provável, novas ideias e valores mundiais se propagam no Oriente Médio e na África, e a China se encontrará em uma posição mais difícil", previu.