Mundo

Familiares de vítimas de Pinochet lamentam condenação de juiz Garzón

Agência France-Presse
postado em 09/02/2012 18:35
SANTIAGO - Os familiares chilenos de vítimas da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), que foi preso por ordem do juiz Baltasar Garzón em 1998, lamentaram a condenação a 11 anos de inabilitação ao magistrado espanhol por um caso de escutas ilegais, e a consideraram um retrocesso na luta pelos direitos humanos.

"A condenação é terrivelmente prejudicial às organizações de defesa dos direitos humanos. Significa um retrocesso quanto à investigação de crimes e violações dos direitos humanos na Espanha e também em outros países como o nosso", afirmou à AFP Alicia Lira, presidente da Associação de Familiares de Executados Políticos.

Segundo Lira, "Garzón demonstrou seu compromisso com a busca pela verdade e a justiça não apenas na Espanha, como também no Chile", e lembrou que "graças a seu trabalho, conseguimos que Pinochet fosse detido e privado de liberdade durante 500 dias".

Como juiz da Audiência Nacional, Baltasar Garzón conseguiu em 1998 a prisão em Londres do general reformado, então com 82 anos, que tinha sido operado de uma hérnia inguinal.

Garzón havia solicitado uma autorização via Interpol para interrogar Pinochet, a quem acusava dos crimes de genocídio, terrorismo e torturas, com base em denúncias de familiares de espanhóis desaparecidos no Chile. Mas após 500 dias de prisão domiciliar, Pinochet foi libertado por razões de saúde, e retornou a Santiago do Chile.

O advogado chileno simpatizante de Pinochet, Hermógenes Pérez de Arce, afirmou que a sentença contra o juiz espanhol "é uma decisão ajustada ao direito", mas criticou que "essas leis" não foram aplicadas quando o ditador chileno foi detido em Londres.

"Sancionaram (o juiz) por prevaricação, mas no caso do Chile e do ex-general Pinochet não aplicaram essas leis (...). Não havia nenhuma razão para que Baltasar Garzón interviesse, não tinha as atribuições", afirmou Pérez de Arce ao jornal La Tercera.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação