Agência France-Presse
postado em 10/02/2012 22:55
DAMASCO - Dois atentados com carro-bomba atingiram nesta sexta-feira Alepo, a segunda maior cidade da Síria, coincidindo com a entrada de carros de combate na região de Homs, devastada após uma semana de intensos bombardeios, uma violência que custou nesta sexta-feira a vida de 72 pessoas em todo o país.Segundo as autoridades, os atentados de Alepo (norte) deixaram 28 mortos e 235 feridos.
Além do duplo atentado em Alepo, a violência na Síria deixou outros 44 mortos nesta sexta-feira, entre eles 28 civis mortos pelas forças de segurança, principalmente em Homs (centro) e Alepo, assim como nove soldados e sete desertores em confrontos em todo o país, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
O regime sírio atribuiu os atentados de Alepo, os primeiros desse tipo registrados na cidade, pulmão econômico do país, a "grupos terroristas" os quais acusa de provocar, desde meados de março passado, a revolta contra o presidente Bashar al Assad.
A oposição, no entanto, responsabilizou o regime pelos atentados, acusando-os de querer, dessa forma, desviar a atenção da repressão realizada em Homs.
Estes atentados ocorreram no momento em que os sírios começavam a se concentrar em diversas cidades para protestar contra o veto da Rússia e da China no último sábado a uma resoloção do Conselho de Segurança da ONU de condenação à repressão na Síria, que deixou ao menos 6.000 mortos desde o início da revolta, segundo militantes.
Ocorreram manifestações em Hama (centro), Idleb (noroeste), Damasco e em certos bairros de Homs, declarou à AFP Ramí Abdel Rahman, jefe del OSDH, con base en Gran Bretaña.
Essas manifestações, que ocorrem a cada sexta-feira, tiveram menos afluência que as anteriores "pela mobilização massiça" de tropas e forças de segurança para evitar os protestos, afirmou Rahman.
Ocidentais e russos realizam uma disputa sobre a Síria, com os primeiros denunciando os "massacres" do regime e com os segundos mantendo seu apoio a Damasco.
Em Alepo, relativamente à margem do movimento de contestação até agora, os dois carros-bombas explodiram perto da sede dos serviços de inteligência militar e na frente do quartel-general das forças de ordem.
Segundo o OSDH, ao menos 30 pessoas morreram nesse duplo atentado.
A emissora estatal mostrou imagens do buraco deixado pela explosão e dos serviços de emergência recuperando cadáveres sob os escombros.
Em uma carga dirigida à ONU e à Liga Árabe, o ministro sírio de Relações Exteriores também acusou "países árabes e ocidentais", sem nomeá-los, de apoiar os autores do duplo atentado.
Em Homs, bombardeada sem descanso há sete dias pelas tropas regulares, os tanques do exército entraram no bairro Inshaat, onde os soldados faziam operações nas casas, informou a OSDH.
O balanço do dia sobe para 12 mortos, com os quais já são mais de 450 as pessoas mortas nessa cidade desde 4 de fevereiro, data do início da ofensiva atual, segundo militantes e ONG, que temem uma crise humanitária.
A Liga Árabe se reunirá no domingo no Cairo para abordar a situação na Síria.