Agência France-Presse
postado em 11/02/2012 16:45
Damasco - A tensão subia neste sábado (11/2) em Aleppo após o duplo atentado da véspera na cidade, a segunda maior da Síria, até então pouco afetada pela onda de protestos, enquanto o regime mantinha o bombardeio a Homs e Zabadani, e a violência ameaçava se estender para o Líbano. Uma explosão de violência confessional no vizinho Líbano suscita temores de um transbordamento da crise síria. Já no Iraque, as autoridades locais ressaltaram que haviam entrado em território sírio a partir do Iraque armas e combatentes jihadistas.Em Homs (centro), "capital da revolução" e alvo de uma ofensiva do Exército sírio há uma semana, quatro pessoas, incluindo uma mulher, morreram neste sábado no incessante bombardeio do bairro de Baba Amr, segundo a entidade opositora Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH). Os ativistas estimam que mais de 450 pessoas tenham morrido em Homs desde o início da ofensiva contra a cidade, em 4 de fevereiro.
Outras duas pessoas perderam a vida neste sábado em Deraa (sul) e em Damasco, e outras três, em Zabadani, indicou o OSDH, frisando que o Exército seguia bombardeando esta cidade próxima a Damasco. Na capital Damasco, um general do Exército sírio morreu neste sábado de manhã baleado por um "grupo terrorista", segundo a imprensa oficial. "Um grupo terrorista armado assassinou nesta manhã o general de brigada e médico Isa al-Khawli, diretor do hospital militar de Hamich, em frente a sua casa", no noroeste de Damasco, informou a agência oficial Sana.
Em dezembro e em janeiro, 70 pessoas morreram em atentados suicidas em Damasco. Assim como em Aleppo, o regime e a oposição se acusam mutuamente pelos ataques. Em Aleppo (norte), sacudida na sexta-feira pela primeira vez desde o início da revolta por um duplo atentado que deixou 28 mortos, segundo as autoridades, os bairros de maioria opositora são alvo "de uma grande mobilização das forças de segurança", indicou o OSDH. A tensão é palpável nesta cidade, pulmão econômico do país, até então relativamente poupada dos protestos contra o regime de Bashar al-Assad. Um ativista no local confirmou à AFP que as medidas de segurança foram reforçadas, com um deslocamento de veículos blindados e de "francoatiradores em todas as partes".
Em Homs, membros das forças de segurança e soldados efetuam uma campanha de "bombardeios em grande escala" no bairro de Inshaat, afirmou Hadi Abdullah, membro da comissão geral da revolução síria. Na frente diplomática, os países da Liga Árabe que se reúnem domingo no Cairo poderão tomar decisões importantes com a criação de um grupo de "Amigos da Síria" e a designação de um enviado especial ao país, segundo fontes coincidentes. A Turquia pedirá à ONU o lançamento de uma campanha de ajuda humanitária para as populações vítimas da repressão na Síria.
A ONU se manteve até agora impotente, bloqueada por um veto da Rússia a uma resolução do Conselho de Segurança condenando a repressão. A crise síria ameaça também se estender para o vizinho Líbano, onde confrontos entre libaneses favoráveis e contrários a Assad deixaram dois mortos e 21 feridos neste sábado em Trípoli, maior cidade do norte do país.
Moradores do bairro de Khabal Mohsen (alauíta, pró-Assad) e outros de Bab el Tebaneh (sunita, anti-Assad) se enfrentam desde sexta-feira com tiros e disparos de foguetes, segundo uma autoridade dos serviços de segurança. A Síria, de maioria sunita, é governada há 40 anos pelo clã Assad, da corrente alauíta. O Líbano é um país de várias confissões sujeito a conflitos religiosos, que já desencadearam uma devastadora guerra civil de 1975 a 1990. No Iraque, o vice-ministro do Interior, Adan al-Asadi, afirmou neste sábado à AFP que jihadistas entraram na Síria pelo seu país. "Temos informações coletadas por nossos serviços de inteligência de que jihadistas iraquianos entraram na Síria. Além dissso, há contrabando de armas para este país", declarou o alto funcionário.