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Regime sírio ataca Homs com mais força frente à inoperância da diplomacia

Agência France-Presse
postado em 14/02/2012 18:33
Damascos - O regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, lançou nesta terça-feira (14) um dos ataques mais violentos contra a cidade rebelde de Homs, "alentado", segundo a ONU, pelo fracasso dos países ocidentais e árabes em pôr fim ao derramamento de sangue.

No total 23 pessoas, incluindo 17 civis, foram mortas nesta terça-feira pelas forças regulares ou em combates entre desertores e soldados do Exército, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

"Seis pessoas morreram nos bombardeios" em Homs, cidade que sofreu nesta terça o pior ataque com artilharia dos últimos cinco dias, acrescentou.

A incapacidade do Conselho de Segurança da ONU de chegar a um acordo sobre uma ação coletiva "alentou o governo sírio a lançar um ataque com o objetivo de esmagar a dissidência", considerou na segunda-feira a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay.

A chanceler alemã, Angela Merkel, mencionou a possibilidade de novas sanções europeias contra o governo sírio, e afirmou que a União Europeia apoia a "posição firme" da Liga Árabe.

Na terceira maior cidade da Síria, onde mais de 300 pessoas morreram desde 4 de fevereiro em um "ataque indiscriminado contra zonas civis", segundo a ONU, o tempo corre e a crise humanitária é cada vez mais intolerável.

"A situação é trágica", disse Hadi Abdullah, militante do "Conselho da Revolução" em Homs, que acrescentou que muitas pessoas estão "amontoadas em refúgios" e "os mortos estão enterrados há uma semana nos jardins, porque é perigoso demais ir ao cemitério".

Frente ao agravamento da crise, as condenações se sucedem, mas sem que se possa vislumbrar uma verdadeira saída.

Na segunda-feira, o presidente americano, Barack Obama, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, "chegaram a um acordo sobre a necessidade de uma coordenação estreita para aumentar a pressão sobre o regime", enquanto a secretária de Estado americana Hillary Clinton considerou "lamentável que o regime tenha intensificado a violência".

Já as Nações Unidas afirmaram que certamente as forças sírias cometeram crimes contra a Humanidade reprimindo há onze meses a onda de contestação popular hostil ao regime, com um registro de mais de 6.000 mortos, segundo os militantes.

Nesta terça-feira, a Chancelaria síria rejeitou "categoricamente" as acusações de "crimes contra a Humanidade" feitas por Pillay.

Em uma carta à ONU, a Chancelaria acusou a Alta Comissária para os Direitos Humanos de "ser manipulada por alguns países que desejam danificar a Síria e que ignoram os crimes terroristas cometidos pelo grupos armados".

A comunidade internacional está profundamente dividida em relação à crise síria, e ainda mais com respeito a uma força de paz na Síria proposta no domingo pela Liga Árabe.

Paris advertiu para uma ação "de caráter militar", Moscou exige um cessa-fogo prévio generalizado e Washington o considera complicado.

A Rússia, aliada de Damasco, e a China bloqueiam uma resolução de condenação à repressão na Síria, e inclusive utilizaram em duas oportunidades seu direito de veto no Conselho de Segurança.

O emissário chinês Li Hiaxin se reuniu nesta terça-feira com o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, segundo Pequim, para dizer que não protege "nenhuma das partes, incluindo o governo" de Damasco.

Nesta semana, árabes e ocidentais farão uma nova tentativa de condenar Damasco. Desta vez na Assembleia Geral da ONU, órgão consultivo onde não existe veto. Espera-se que Moscou e Pequim se oponham mais uma vez a este projeto, preparado por Arabia Saudita e Qatar, muito similar ao texto bloqueado pelo duplo veto no dia 4 de fevereiro.

Outra etapa deste programa é a "Conferência dos amigos da Síria", que a Tunísia propôs que seja organizada em 24 de fevereiro.

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