Agência France-Presse
postado em 18/02/2012 17:08
Rabat - As autoridades marroquinas proibiram a distribuição da edição de 16 de fevereiro do jornal espanhol El País por ter publicado uma caricatura do rei Mohammed VI, informou neste sábado à AFP uma autoridade marroquina."A decisão de proibir foi tomada em aplicação ao artigo 29 do código de imprensa contra todo ataque à pessoa do rei", informou esta autoridade do Ministério da Comunicação.
"Nesta caricatura, há uma vontade deliberada de desfigurar a imagem para prejudicar a pessoa do rei", acrescentou.
Em sua edição de 16 de janeiro, o jornal El País publicou uma caricatura de Mohammed VI, divulgada na rede social Facebook por um jovem marroquino, para ilustrar uma informação do jornalista Ignacio Cembrero na qual este especialista no Marrocos informava sobre recentes casos de condenações que violam a liberdade de expressão, sobretudo nas redes sociais.
Concretamente, informava-se que, desde a chegada ao poder dos islamitas moderados, um jovem agente das forças paramilitares foi condenado a três anos de prisão por ter colocado no Facebook uma foto de seu imediato superior hierárquico cujo rosto estava colado aos seios da cantora colombiana Shakira.
Também informava sobre outra condenação a três anos de prisão contra outro jovem que colocou vídeos no Youtube nos quais chamava Mohammed VI de "ditador, "assassino" e "cachorro" quando participava de manifestações contra o regime.
Cembrero também falou do caso de Walid Bahorman, de 18 anos, que aguarda julgamento "por atentar contra os valores sagrados do Marrocos" por publicar no Facebook caricaturas e vídeos satíricos do monarca. Um destes desenhos era o que ilustrava a informação.
Interrogado pela AFP, o jornalista se surpreendeu com a proibição de distribuir o jornal El País, considerando que tinha considerado a caricatura "amigável e simpática".
Segundo Cembrero, é a primeira vez desde a chegada ao poder, em janeiro, do Partido Justiça e Desenvolvimento (islamitas moderados) que um jornal estrangeiro é proibido por publicar uma caricatura do rei.
Até agora, quando as autoridades marroquinas proibiam a divulgação de algum jornal ou revista estrangeiros isto havia sido feito como resposta à publicação de representações do profeta Maomé ou de Deus, proibidas pela tradição muçulmana.