Agência France-Presse
postado em 22/02/2012 20:19
Roma - O Fundo Internacional das Nações Unidas para o Desenvolvimento Agrícola (Fida) louvou os bons resultados de um programa que canaliza o uso das remessas dos emigrantes no mundo, principalmente na América Latina e África, no aniversário de cinco anos de seu lançamento."Funcionou muito bem, há exemplos fenomenais", disse Pedro de Vasconcelos, coordenador do programa.
"Tudo começou na América Latina com um conceito - a ideia de que as remessas podem representar uma oportunidade preciosa -, agora aplicado em 50 países através de 47 projetos e bons resultados em várias áreas".
Segundo dados do Banco Mundial, o ingresso de remessas mostrou, em 2011, aumentos significativos na maioria das economias receptoras desses recursos, num total de 351 bilhões de dólares, o que significa um incremento de 8% em relação a 2010.
O México se mantém como o terceiro principal receptor de remessas no mundo depois de Índia e China.
"Mais da metade desses recursos são canalizados a áreas rurais. Conseguimos vinculá-los a atividades produtivas. Daí sua importância", explicou o especialista, assegurando que foi criada "uma metodologia" graças ao uso das novas tecnologias surgidas na web.
"Funciona muito bem na África, onde identificamos soluções, entre elas a utilização das agências nacionais dos Correios", destacou.
Os exemplos positivos se multiplicam graças à telefonia móvel, extensa tanto na América Latina como no continente africano.
"Na Somália, as pessoas recebem remessas via celular e podem comprar produtos de celular para celular. Isso é inclusão financeira e tudo isso graças a essas ferramentas que transformam a economia", explicou Vasconcelos.
"A tecnologia oferece oportunidades únicas: segurança, mobilidade e o dinheiro fica onde é recebido, causando impacto na economia local", assegurou.
Ele citou como um dos melhores exemplos a produção de nopal pelas mulheres mexicanas, uma planta da família das cactáceas (Nopalea coccinellifera), alimento pré-hispánico e emblemático do país, com imensas propriedades nutritivas e medicinais.
"Melhoraram a produção de nopal graças ao dinheiro enviado pelos maridos que foram em massa para Chicago e elas, agora, exportam até para os Estados Unidos", comentou.
Nas Filipinas, a revolução foi causada pelas mulheres que trabalham no serviço doméstico na Itália: elas se organizaron para financiar a criação de frangos em seu país.
"Assim muda a mentalidade do emigrante. Agora passa a investir, tem um futuro e uma atividade. Esse é o enfoque de nosso trabalho", comentou, com um tom otimista.
"Assim, rompe-se o círculo vicioso das remessas, melhora-se e muda-se o nível de vida, gerando riqueza", explicou, ao fazer um balanço mais que positivo do programa, paralelamente à 35; reunião anual da FIDA celebrada em Roma e que reúne o Conselho de Governadores da entidade, considerada o "banco dos pobres".