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Ao menos 86 morreram hoje na Síria e EUA condenaram agressão 'imperdoável'

Agência France-Presse
postado em 23/02/2012 20:01
Beirute - Ao menos 86 pessoas morreram em episódios de violência nesta quinta-feira (23) na Síria, informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), enquanto o governo americano condenou uma agressão "odiosa e imperdoável".

Entre as vítimas fatais estão 13 membros de uma mesma família mortos num ataque das forças do regime na cidade de Kafar al-Ton, província de Hama (centro), assim como três crianças e 16 soldados e membros dos serviços de segurança no país, segundo a OSDH.

Na mesma província, quatro pessoas morreram, entre elas uma criança de quatro anos em Sawine, e uma criança de 12 anos em Morik.

Oito soldados morreram nos mesmos confrontos com desertores em outras cidades, segundo a mesma fonte.

Em outros locais do país, nove civis, entre eles uma criança de cinco anos morreram na cidade de Deraa, berço dos protestos contra o regime de Bashar al-Assad, atacada esta manhã e onde enfrentamentos com militares dissidentes causaram a morte de membros das forças regulares.

Em Aleppo (norte), segunda maior cidade do país ainda pouco mobilizada contra o regime de Bashar al-Assad, as forças de segurança agrediram e detiveram vários estudantes da Universidade de Aleppo, segundo a ONG com sede no Reino Unido.

Os militares lançaram bomba de gás lacrimogêneo para dispersar cerca de 2.000 estudantes que participavam de um protesto no campus e detiveram 12 estudantes, indicou o OSDH, no dia seguinte a uma manifestação similar.

"Vários estudantes de ambos os sexos que exigiam a queda do regime foram agredidos com cassetetes elétricos e insultados", afirmou Far;s al-Halabi, militante presente no local, pertencente à "União de Estudantes Livres" de Aleppo.

Na província de Aleppo, um jovem de oito anos foi morto a tiros pelas forças do regime na cidade de Ming, segundo o OSDH.

Na província de Idleb (noroeste), sete civis foram mortos em ataques das forças do regime em diversas localidades.

Nesta mesma província, cinco soldados perderam a vida em ataques contra seu veículo, segundo a OSDH.

Um civil morreu em Daraya na província de Damasco, e quatro civis e um desertor foram mortos atingidos por disparos das tropas na cidade de Deir Ezzor (leste), segundo a mesma fonte.

No terreno diplomático, a Casa Branca afirmou nesta quinta que o presidente sírio efetua uma agressão "odiosa e imperdoável" contra seu povo.

"A agressão que Assad perpetra contra os sírios é odiosa e imperdoável. Por isso vamos trabalhar com vários membros da comunidade internacional para organizar uma transição pacífica nesse país, uma transição que é inevitável e já começou", afirmou Jay Carney, porta-voz do presidente americano, Barack Obama.

Obama "está perfeitamente a par da vergonhosa torpeza do comportamento" das autoridades sírias, acrescentou Carney aos jornalistas que acompanhavam o presidente no avião Air Force One que voava de Washington a Miami (Flórida, sudeste).

O porta-voz indicou também que armar a oposição síria, como desejam influentes membros do Congresso americano, não está na agenda.

"Continuamos pensando que uma solução política é o melhor enfoque", já que armar os rebeldes pode gerar uma situação "perigosa e caótica", assegurou.

No entanto, como já havia feito nesta mesma semana, Carney não fechou totalmente a porta para essa eventualidade: "Deveremos avaliá-la no futuro", indicou.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos anunciou nesta quinta que dispõe de uma lista confidencial de altos dirigentes sírios, políticos e militares, envolvidos em "crimes contra a humanidade".

A comissão de investigação da ONU apresentou "um documento que traz os nomes destas pessoas" e destaca que "a maioria dos crimes" tiveram "ordens superiores".

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