Agência France-Presse
postado em 24/02/2012 18:45
Viena - A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) informou nesta sexta-feira (24) a existência de "profundas divergências" com o Irã em relação ao esclarecimento de seu programa nuclear e reafirmou suas "sérias preocupações" sobre a dimensão militar do polêmico projeto iraniano.Durante uma recente visita dos inspetores da AIEA ao Irã, "não se chegou a nenhum acordo entre Irã e a agência, posto que existem profundas divergências" entre as duas partes em relação às questões em suspenso do programa nuclear iraniano", declarou a AIEA em seu relatório trimestral.
A agência da ONU reconheceu na quarta-feira o fracasso da missão, a segunda em menos de um mês, realizada em 20 e 21 de fevereiro. Seu diretor-geral, Yukiya Amano, expressou sua "decepção" e lamentou a ausência de um acordo com Teerã.
Segundo uma fonte da AIEA, os especialistas da agência não puderam se reunir com nenhum dos altos funcionários iranianos durante as duas missões. "O Irã quis frear o processo e nos colocar uma armadura", disse esta fonte que não quis se identificar para explicar as dificuldades dos membros da AIEA para investigar.
"A agência continua tendo sérias preocupações sobre uma possível dimensão militar do programa nuclear iraniano", reitera o relatório da AIEA, que lamenta a negativa de Teerã de visitar a base militar de Parchin, nos arredores da capital iraniana.
No relatório anterior do último mês de novembro, a AIEA mencionou as suspeitas de seu pessoal de que teriam sido realizados testes com explosivos nessa base.
Em seu novo relatório, a AIEA assegura que o Irã triplicou a produção de urânio enriquecido até 20% desde novembro e que atualmente contaria com cerca de 105 kg deste material.
A República Islâmica anunciou em janeiro o início da produção de urânio enriquecido a 20%, aproximando-se da tecnologia que lhe permitiria enriquecer urânio a 90%, o nível de pureza necessário para fabricar uma bomba atômica.
Esse anúncio foi considerado uma nova provocação por parte das potências ocidentais e por Israel.
Apesar de seis resoluções da ONU, quatro delas com sanções, Teerã reivindica seu direito de enriquecer urânio com fins pacíficos e reitera que seu programa nuclear não esconde objetivos militares.