Agência France-Presse
postado em 25/02/2012 15:58
BUENOS AIRES - O maquinista do trem acidentado na quarta-feira na capital argentina, que teve um saldo de 51 mortos e 703 feridos, declarou diante da justiça que os freios falharam, informou neste sábado uma fonte judicial que confirmou sua libertação na noite de sexta-feira.Marcos Córdoba, de 28 anos, disse ter acionado duas vezes o freio, que não funcionou, e assegurou ter avisado aos seus superiores de que o sistema estava falhando, mas recebeu a ordem de continuar a viagem que acabou em uma das maiores tragédias ferroviárias da Argentina.
"Em cada estação eu avisava por rádio ao controlador de tráfego que tinha problemas nos freios. Do outro lado me respondiam ;continua, continua, continua;", afirmou à justiça.
Após o depoimento, o maquinista foi libertado "porque não existe perigo de fuga e não há possibilidade dele atrapalhar a investigação", disse a fonte.
Na quarta-feira o secretário de Transportes da Nação, Juan Pablo Schiavi, disse haver gravações dos diálogos entre o maquinista e o controlador e que elas seriam levadas à justiça.
O trem colidiu contra uma barreira de contenção. No momento do acidente, 2 mil passageiros estavam a bordo.
O maquinista foi resgatado por bombeiros entre os ferros retorcidos de sua cabine e hospitalizado com ferimentos e politraumatismos, mas fora de perigo.
A Associação de Funcionários dos Organismos de Controle (APOC) acusou na sexta-feira o governo em um comunicado de "não ter atuado diante dos resultados de auditorias que mostravam o deficitário e criminoso estado de conservação" da linha ferroviária de Sarmiento.
O acidente foi o terceiro mais grave da história ferroviária da Argentina, depois do ocorrido na localidade de Benavídez (periferia norte de Buenos Aires), com 236 mortos em 1970, e o registrado na província de Santa Fé (centro-oeste), com 55 mortes em 1978.