Agência France-Presse
postado em 28/02/2012 18:37
Nova York - O número de vítimas da repressão na Síria é de "muito mais de 7.500 mortos", declarou nesta terça-feira (28) um alto funcionário da ONU.Lynn Pascoe, secretário-geral adjunto da ONU para Assuntos Políticos, admitiu no Conselho de Segurança que as Nações Unidas não podiam "dar cifras exatas" sobre o número de mortos durante as manifestações opositoras na Síria.
"Agora há informes confiáveis de que o número de mortos excede os 100 civis por dia, incluindo muitas mulheres e crianças. O total estaria efetivamente acima dos 7.500", disse o funcionário.
Pascoe afirmou que o fracasso da comunidade internacional para "deter o massacre" incentivava o governo sírio a acreditar que podia agir com impunidade.
Observadores sírios de direitos humanos afirmaram que mais de 7.600 pessoas morreram nos últimos 11 meses, mas este é o maior número divulgado até agora pelas Nações Unidas.
Pascoe disse que a repressão com tanques e bombardeios dos protestos era "uma reminiscência do massacre de Hama efetuado pelo governo sírio em 1982", ordenado pelo pai do presidente, Hafez, e no qual morreram milhares de pessoas.
"Infelizmente, a comunidade internacional fracassou em sua obrigação de deter o massacre e as ações e inações (...) parecem ter fomentado no regime a crença de que estava impune para realizar a destruição sem sentido de seus cidadãos", disse Pascoe em uma conferência sobre o Oriente Médio diante do Conselho de Segurança.
Cerca de 25.000 refugiados, segundo registros da ONU, estão em países na fronteira com a Síria e entre 100.000 e 200.000 estão desabrigados dentro do país, acrescentou Pascoe.
Desde janeiro passado, as Nações Unidas já não divulgam números precisos da repressão na Síria por carecer de informações fidedignas provenientes do país.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, prevê enviar para a Síria o mais rápido possível sua encarregada de assuntos humanitários, Valerie Amos, para avaliar a situação, mas não obteve ainda a aprovação de Damasco.
Pascoe anunciou que Kofi Annan, novo enviado da ONU e da Liga Árabe para a Síria, se reunirá na quarta-feira em Nova York com Ban.
A chancelaria francesa afirmou nesta terça-feira que um novo projeto de resolução que prevê um cessar-fogo humanitário na Síria foi enviado ao Conselho de Segurança da ONU, e que as discussões a esse respeito poderão ser abertas nesta terça-feira, segundo disse o porta-voz do ministério, Bernard Valero.
Até agora, a China e a Rússia bloquearam todas as tentativas dos países ocidentais e árabes para que o Conselho adote resoluções de condenação à repressão na Síria.
O chanceler francês, Alain Juppé, lançou nesta terça-feira um chamado a Pequim e Moscou para que não interponham um novo veto a uma resolução deste tipo.
Na quinta-feira, outra instância da ONU, o Conselho dos Direitos Humanos, deve se reunir em Genebra para tratar de outra proposta para exigir da Síria um acesso "irrestrito" das agências humanitárias a seu território.
O vice-chanceler russo, Guennadi Gatilov, considerou "importante que o governo sírio coopere com o CICR" (Comitê Internacional da Cruz Vermelha), enquanto um representante chinês, Qi Xiao Xia, afirmou que "uma assistência humanitária deve ser dada ao povo sírio".