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EUA mantêm interesse em compra de 20 aviões de ataque da Embraer

Os Estados Unidos permanecem interessados em comprar 20 aviões de ataque leves Super Tucano da Embraer e a decisão não está relacionada com os planos do Brasil de adquirir 36 aviões de caça, afirmou nesta quinta-feira (1;/3) o subsecretário de Estado americano, William Burns. "A Embraer é uma grande companhia e o Super Tucano é um grande avião. Os Estados Unidos estão no meio de um processo interno, mas continuam interessados" em comprar os 20 aviões, apesar do anúncio da força aérea americana de que a compra teria sido cancelada, afirmou Burns a jornalistas no Rio de Janeiro. Burns descartou que a decisão de Washington de anular o contrato com a Embraer esteja vinculada à compra de 36 aviões de caça supersônicos prevista pelo Brasil, um contrato avaliado entre 4 e 7 bilhões de dólares e que tem como concorrentes a companhia americana Boeing, a francesa Dassault e a sueca Saab. "Não acredito que os dois assuntos tenham alguma relação (...) São dois assuntos diferentes", afirmou Burns, que insistiu que a Boeing continua na briga para ganhar a licitação com seus caças F-18. "Estamos convencidos de que o F-18 (da Boeing) é o melhor avião disponível. Para provar isso basta dizer que será o avião utilizado pelos Estados Unidos nos próximos 20, 30 anos. Estamos convencidos de que o pacote de transferência de tecnologia que oferecemos junto com o avião não tem precedentes em nossa relação, e que é a melhor opção oferecida ao Brasil", insistiu. O ministro brasileiro da Defesa, Celso Amorim, indicou recentemente que o Brasil poderia decidir no primeiro semestre do ano a compra dos caças, embora fontes do governo e analistas indiquem que o ganhador não será anunciado antes de maio. Na próxima segunda-feira (5/3), um alto executivo da Boeing visitará o Brasil em campanha a favor do F-18, indicou o jornal econômico Valor. "Boeing está disposta a melhorar a oferta de transferência de tecnologia, incluindo propostas de desenvolvimento conjunto de produtos aeronáuticos, caso seja escolhida" para fornecer os caças, segundo Valor. A Força Aérea americana cancelou abruptamente na terça-feira um contrato de 355 milhões de dólares para a compra de 20 aviões Super Tucano da Embraer, vencido pela fabricante brasileira e por sua sócia no projeto, a americana Sierra Nevada Corporation, indicando que abriria uma investigação depois de uma demanda na justiça de sua rival Hawker Beechcraft Corp. A americana Hawker Beechcraft indicou que seu avião Beechcraft AT-6 foi excluído da licitação. Um dia depois, de forma surpreendente, o chefe da Força Aérea dos Estados Unidos, general Norton Schwartz, disse que o cancelamento do contrato para a compra dos Super Tucano era uma "vergonha" e se comprometeu a rever "rapidamente" a licitação. Schwarz afirmou que, se a investigação revelar que o contrato foi cancelado devido a um erro, os responsáveis serão drasticamente punidos. Burns não quis indicar por que a licitação foi cancelada. O general Schwarz indicou que há muito em jogo e que a Força Aérea trabalhará duro para resolver o problema. O contrato para a venda de 20 aviões AT-29 Super Tucano da Embraer foi anunciado em dezembro como parte dos planes de aparelhar os militares no Afeganistão frente à retirada das tropas da Otan. O AT-29 Super Tucano é um avião turbo-hélice projetado para ataques rápidos, contrainsurgência, apoio aéreo próximo, missões de reconhecimento aéreo em ambientes de baixa ameaça, assim como para o treinamento avançado de pilotos.