Agência France-Presse
postado em 05/03/2012 15:36
Snellville - Um candidato que siga o exemplo de Jesus Cristo, que recupere a moral e os valores familiares, possuirá os fatores determinantes para a aprovação dos fiéis cristãos nos feudos republicanos dos Estados Unidos, onde a pergunta dos últimos dias é ;Em qual deles Deus votaria?;"Acho que alguém que siga o exemplo de Jesus Cristo tem que ser nosso eleito", disse Caroline Miller, uma mulher de 42 anos, que acompanhou um comício do candidato mórmon Mitt Romney domingo (4/3), depois de assistir à missa na igreja metodista de Snellville, subúrbio do nordeste de Atlanta (Georgia, sudeste), onde os republicanos são maioria.
A exemplo de Miller, um grande número daqueles que participaram do evento eram fiéis desta igreja, outros de um templo mórmon dos arredores de Atlanta, havendo, também, minoria católica, todos concordando com a necessidade de buscar um candidato conectado a Deus.
A Geórgia é um dos 10 estados onde serão realizadas, nesta terça-feira (6/3), as primárias republicanas e onde o católico Newt Gingrich é considerado o favorito, tendo mais de 35% do eleitorado a seu lado. Mas Ohio é visto como o mais importante do dia e, embora todas as cartas cantem a vitória de Romney, Rick Santorum, assim como no sul do país, é percebido como o candidato mais próximo de Deus.
"Honestamente, compartilho muitos valores morais e familiares expressados por Santorum na campanha", admitiu Caroline Miller, mas "Romney é o mais capacitado pra vencer Barack Obama em novembro", acrescentou hesitosa.
Ao serem ouvidos sobre os valores de Gingrich, divorciado duas vezes para se casar a cada vez com a mulher com a qual foi infiel à anterior, evitam se pronunciar sobre a questão, preferindo destacar as posições contra o aborto de Santorum ou a defesa da família de Romney, citando seu casamento de 43 anos com Ann, com quem tem cinco filhos.
Mas a religião é fator decisivo para captar votos e os políticos sabem disso.
Gingrich tira proveito deste tema em sua campanha crucial na Geórgia e chegou a chamar o governo de Obama de "antirreligioso" porque entrou "em guerra com a Igreja Católica" ao defender a cobertura obrigatória dos anticoncepcionais nos planos de saúde.
"Este é um governo que sempre se dispõe a pedir desculpas ao Islã, mas não à Igreja Católica", disse Gingrich na sexta-feira para 200 pessoas, num comício em Brunswick, na costa sudeste da Geórgia.
"Nosso país precisa recuperar sua economia, mas também os valores morais que perdemos, com a juventude mergulhada em problemas de drogas, de sexo. Por isso votarei em Romney, uma pessoa educada numa família que soube seguir a mensagem de Jesus Cristo", comentou Catherine Adams, 55 anos, ligada aos mórmons.
Em diversos templos evangélicos e católicos dos subúrbios da Geórgia vários fiéis admitiam afinidades com Rick Santorum, que demonstrou desacordo com o princípio de separação da Igreja e do Estado.
Para Charles Bullock, professor de ciências políticas da Universidade da Geórgia, "se Santorum sair vitorioso, mobilizará" a direita religiosa como nas campanhas de 2000 e 2004 que levaram o republicano George W. Bush ao poder.
"Mas o que vai ser mais explorado será a antipatia em relação a Obama, um sentimento amplo e profundo", disse o especialista, apostando em que os grupos religiosos podem ter, neste ano eleitoral, uma influência semelhante à exibida em 2008, quando não mostraram muito entusiasmo por John McCain.
Nestes subúrbios de grama sempre aparada, onde as casas exibem a prosperidade dos donos e onde há templos religiosos em cada duas esquinas, percebe-se um abismo profundo em reação às comunidades liberais que são maioria nas grandes cidades litorâneas do leste e do oeste dos Estados Unidos.
"Nosso país perdeu o rumo", disse Steve Norton, um aposentado de 70 anos, de confissão batista, que ouviu Romney domingo, na tentativa de se decidir por um candidato na ;Super Terça;.
"Quem melhor que um presidente realmente conectado a Deus para nos salvar destes anos com Barack Obama?", indagou.