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Síria: Prosseguem os bombardeios em Rastan, Kofi Annan chega sábado

Agência France-Presse
postado em 05/03/2012 19:59
Damasco - O Exército sírio bombardeou Rastan (centro) nesta segunda-feira (5/3), pelo segundo dia consecutivo ignorando a pressão internacional que se intensifica, com a chegada sábado, a Damasco, do enviado da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan. Além do bombardeio a Rastan, as forças do regime de Bashar al-Assad lançaram uma ofensiva em Yabrud, na província de Damasco, com operações na província de Deraa (sul), segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, que denuncia seis civis mortos. "Resistiremos (...) é uma questão de vida ou de morte (...). O mundo inteiro nos deixou de lado, mas não abandonaremos a revolução", afirmou à AFP Anas Abu Ali, um dirigente do Exército Sírio Livre (ESL) composto por militares dissidentes, entre outros participantes. "O que acontece em Rastan é o mesmo que ocorreu em Baba Amr: bloqueio, disparos de artilharia e lança-foguetes", considerou Hadi Abdullah, militante em Homs da Comissão Geral da Revolução Síria. O bairro de Baba Amr em Homs foi sitiado e bombardeado durante quase um mês, até que o exército sírio passasse o controlá-lo. Rastan, situada na autoestrada que liga a capital ao norte do país, foi declarada cidade "livre" pelos rebeldes no dia 5 de fevereiro e, desde então, vem sendo objeto de bombardeios. Em Homs, as forças de segurança realizaram uma campanha de detenções no bairro de Khobar, adjacente a Baba Amr. No plano diplomático, Annan e seu vice, o ex-ministro palestino das Relações Exteriores, Naser al-Qidwa, vão se reunir na quinta-feira com o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al Arabi, anunciou este último. Os enviados vão viajar, depois, a Damasco. Esta visita, saudada pelo regime, segundo a televisão oficial síria, será a primeira do ex-secretário geral da ONU, designado, no dia 23 de fevereiro "emissário conjunto da ONU e da Liga Árabe para a crise no país". Depois de sua nomeação, Annan declarou que esperava ir "logo" a Damasco para entregar uma "mensagem clara": "os massacres e a violência devem parar e as agências humanitárias devem ter acesso" à população. Por sua vez, o dirigente das operações humanitárias da ONU Valerie Amos anunciou que viajaria à Síria na quarta-feira para tentar obter um acesso humanitário "sem travas". Enquanto isto, a Rússia, que apoia o regime de Assad, anunciou um encontro de seu chanceler, Sergei Lavrov, com os líderes da Liga Árabe no sábado, no Cairo. Moscou, aliado de Damasco desde a era soviética, bloqueou no Conselho de Segurança da ONU, assim como Pequim, dois projetos de resolução que condenavam a repressão na Síria, onde morreram 7.600 pessoas, segundo as Nações Unidas. Em sinal dessa amizade, Bashar al-Assad "enviou carta ao primeiro-ministro Vladimir Putin por ocasião de sua vitória presidencial" para expressar "as mais sinceras felicitações por sua notável eleição" domingo, segundo a agência oficial Sana. Já o chanceler francês, Alain Juppé, fez um apelo a Putin a uma "revisão da política russa em relação à Síria". A chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, estimou que a Rússia deveria "reconhecer a necessidade de um novo poder" na Síria, mergulhada na crise há quase um ano. O governo dos Estados Unidos anunciou, por sua vez, que esperava de Moscou uma "nova visão sobre a tragédia na Síria, agora que as eleições foram concluídas". Às portas de Baba Amr, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha tentava, pelo quarto dia consecutivo, fazer entrar um comboio formado por sete caminhões carregados com ajuda de emergência neste bairro bombardeado durante quase um mês. "As negociações continuam", disse à AFP Saleh Dabakeh, porta-voz da organização, em Damasco. As autoridades alegaram razões de segurança, em particular a presença de bombas e minas, para justificar a não autorização da entrada da ajuda da Cruz Vermelha. Militantes sírios falam em execuções, violações e atos de vandalismo por parte das forças de segurança, mas a AFP não pôde confirmar estas informações no terreno devido às restrições impostas à imprensa pelo regime.

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