Agência France-Presse
postado em 09/03/2012 10:28
Yokohama - Cientistas alemães e japoneses iniciaram uma missão para observar com um submarino a fossa do Japão, zona de deslizamentos de placas tectônicas onde se originou os violentos terremoto e tsunami que arrasaram o nordeste do arquipélago há um ano. Os pesquisadores utilizam um veículo equipado com câmeras e toda uma série de instrumentos que vão sondar o fundo do mar até 7.000 metros de profundidade. Os cientistas advertem que o Japão parece ter entrado numa nova etapa de acúmulo de tensões que poderão provocar outro terremoto devastador.Este aparelho rastreará as imediações do epicentro dos tremores sísmicos de magnitude 9 que causaram um maremoto de mais de 15 metros no litoral pacífico do arquipélago, com um balanço de 19.000 mortos, e danos à central nuclear de Fukushima Daiichi. "Queremos colocar instrumentos no solo oceânico para cartografar a zona e comprovar as grandes mudanças provocadas pelo terremoto", explicou Gerold Wefer, diretor projeto. Os dados recolhidos durante um mês na falha que se estende por centenas de quilômetros devem ajudar a compreender o mecanismo dos terremotos e tsunamis suscetíveis de serem reproduzidos.
[SAIBAMAIS]Esta missão começa quando o Japão vai homenagear as vítimas do histórico desastre ocorrido em 11 de março de 2011, às 14h46 local (2h46 de Brasília). Segundo Wefer, diretor do Centro de Mudanças Ambientais da Universidade de Bremen, os cientistas vão ver "enormes fissuras nas rochas". ;O terremoto os deixou em pedaços e foram liberados fluidos e gás no Oceano", explica.
O aparelho utilizado, de 5,5 metros de extensão, parece um submarino de pequenas dimensões e possui sonares de exploração multi-haz. A embarcação de onde será lançado o veículo submergível está equipado com ecossensores e permitirá levantar vários mapas das profundidades submarinas da fossa do Japão que cerca a principal ilha de Honshu.
As novas representações geográficas serão comparadas com as realizadas antes do "grande tremor do leste" (nome oficial da catástrofe de 11 de março) para analisar o ocorrido sob o mar no momento das trepidações telúricas. O epicentro do tremor foi situado no Pacífico, a 130 km das costas de Honshu, onde a placa tectônica oceânica se desliza debaixo da placa euroasiana que sustenta o Japão. O submarino radioguiado de 3,5 toneladas vai instalar instrumentos que depois permitirão medir com mais precisão os movimentos terrestres nesta zona de forte atividade.
A missão também recolherá mostras de sedimentos da região da fossa, na esperança de realizar estimativas da possibilidade de novos tremores fortes. "As previsões de terremotos são extremamente difíceis com as tecnologias e os dados atuais", recorda Shuichi Kodaira, do Instituto de Pesquisa sobre a Evolução da Terra na Agência japonesa de Tecnologias Marinhas e Terrestres. "Mas o que podemos fazer, no entanto, é tentar entender a história e a ocorrência dos grandes terremotos na fossa do Japão utilizando dados desta expedição e de outras anteriores", acrescentou.