Agência France-Presse
postado em 09/03/2012 17:57
Quito - Cerca de 500 indígenas do Equador realizam nesta sexta-feira (9/3) uma passeata, pelo segundo dia consecutivo, rumo a Quito em um protesto contra o governo do presidente socialista Rafael Correa, que classificou a manifestação dos nativos apoiados por grupos de oposição de "fracasso". [SAIBAMAIS]Os indígenas pretendem percorrer 60 km entre Zamora e Loja (as duas ao sul), afirmou à AFP o titular da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), Humberto Cholango. "Há cerca de 500 pessoas participando do protesto e mais companheiros irão se somar", afirmou o líder do maior grupo de indígenas e ex-aliado de Correa, que convocou o protesto "pela água, pela vida e dignidade dos povos".
O protesto de cerca de 700 km foi iniciado na quinta-feira a partir do povoado de El Pangui, na província amazônica de Zamora Chinchipe, e chegará a Quito em 22 de março.
Na quinta-feira (8/3), Correa declarou que "foi um total fracasso" o protesto indígena e de outras organizações, como a Frente Popular (que reúne diversos setores sociais e sindicais), em rejeição à mineração em grande escala e exigindo leis sobre o controle da água e a redistribuição de terras. "Acredito que há mais organizadores do que manifestantes", afirmou o chefe de Estado, que tem o apoio de outros grupos indígenas e cujo governo assinou na segunda-feira com a empresa chinesa Ecuacorriente o primeiro contrato em escala industrial para explorar cobre na região de El Pangui. "Nós não estamos mudando a ordem", afirmou o governador de Zamora Chinchipe, Salvador Quishpe, outro líder da manifestação.
A marcha entrará em Loja, uma das cinco províncias em estado de exceção por serem as mais afetadas pela estação de chuvas.
Os partidários do governo pretendem realizar um ato no mesmo local onde devem chegar os manifestantes. "É para defender a democracia, nosso presidente", disse à imprensa a governadora dessa região, Alicia Jaramillo.
Para o sábado, os manifestantes sairão de Loja com destino a Saraguro (45 km), dirigindo-se já para o norte rumo a Quito, passando por províncias com forte presença indígena.
A Conaie participou da derrubada dos presidentes Abdullah Bucaram (em 1997) e Jamil Mahuad (2000). Os indígenas somam 14,5 milhões no Equador.
Correa, no poder desde 2007, é o presidente que mais durou no cargo desde 1996, período no qual o Equador teve oito governantes, três deles derrubados, e se tornou o país mais instável da região.