Agência France-Presse
postado em 12/03/2012 15:35
Londres - Cerca de 50 ex-dirigentes políticos, ganhadores do prêmio Nobel da Paz e intelectuais, pediram ao Conselho de Segurança da ONU para "retirarem a licença para matar" do presidente sírio Bashar al Assad, em uma carta ao diretor publicada na segunda-feira (12/3) pelo Financial Times.No primeiro ano da revolta violentamente reprimida na Síria, os 47 signatários, entre eles o ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso, a prêmio Nobel guatemalteca Rigoberta Menchú e o escritor italiano Umberto Eco, denunciam as diferenças reinantes nesse organismo impediram uma resposta conjunta à crise.
"As divisões entre a comunidade internacional proporcionaram ao governo de Assad uma licença para matar. Esta licença deve ser retirada", afirmam em sua carta as personalidades originárias de mais de 25 países no mesmo dia em que acontece, em Nova York, uma reunião de ministros de Relações Exteriores da Europa, Rússia e dos Estados Unidos sobre as revoltas árabes.
Os autores da carta se dirigem especialmente à Rússia, aliada tradicional da Síria, que nos últimos meses bloqueou duas resoluções do Conselho de Segurança contra esse país, onde a violência causou milhares de mortes. "Pedimos ao governo russo que se una aos esforços coletivos para por fim rapidamente ao conflito e restaurar a paz e a estabilidade na Síria e na região que a rodeia", acrescentaram.
Os signatários, que também incluem os prêmios Nobel da Paz iraniano Shirin Ebadi e sul-africano Frederik de Klerk e a ex-ministra espanhola de Relações Exteriores, Ana de Palacio, pedem ao Conselho de Segurança a adoção de uma nova resolução "por consenso".
Segundo eles, o texto deveria principalmente "instar as autoridades sírias a encerrar imediatamente todos os ataques ilegais contra sua população" e a permitir a chegada de ajuda de emergência em cumprimento do direito internacional.
"É responsabilidade de todos nós impedir as mortes potenciais de outros milhares de homens, mulheres e crianças que necessitam desesperadamente nossa ajuda", acrescentaram, um dia depois de a oposição denunciar um massacre de cerca de 50 mulheres e crianças por parte do regime na cidade rebelde de Homs.