Agência France-Presse
postado em 13/03/2012 15:12
Londres - Rebekah Brooks, ex-braço direito de Rupert Murdoch no Reino Unido, foi presa mais uma vez nesta terça-feira (13/3), desta vez com o seu marido, amigo de David Cameron, no escândalo das escutas telefônicas que não para de minar o país.Este novo evento é constrangedor para o primeiro-ministro britânico, que já precisou, em várias ocasiões, explicar suas ligações com a "rainha dos tablóides" e com o grupo do magnata dos meios de comunicação.
A polícia, que investiga há meses as escutas telefônicas praticadas nos anos 2000 pelo News of the World, ex-tablóide do império Murdoch, anunciou nesta terça-feira (13/3) mais uma novidade: ela interpelou nesta madrugada cinco homens e uma mulher de 43 anos, residente em Oxfordshire. A identidade dos detidos não foi revelada. Mas, de acordo com a imprensa, Rebekah Brooks, de 43 anos e que mora em Oxfordshire, faz parte do grupo, assim como seu marido, Charlie, um treinador de cavalos.
O News International, que supervisiona os jornais britânicos de Murdoch, e do qual Brooks foi diretora, confirmou a prisão de "dois funcionários sem função editorial", entre eles o chefe da segurança do grupo, Mark Hanna. Mas nem o grupo, nem o porta-voz pessoal da jovem confirmaram a prisão de Rebekah Brooks e de seu marido.
Esta protegida de Murdoch já havia sido presa em julho, como parte das investigações sobre o tablóide, onde foi editora entre 2000 e 2003, antes de continuar com sua ascensão meteórica. Ela que já foi considerada uma das mulheres mais poderosas do Reino Unido está desde então em liberdade condicional. Suspeita de corrupção de policiais e cumplicidade no escândalo das escutas, ela sempre negou as acusações. Mas teve de abandonar a liderança do News International neste verão.
Segundo a polícia, o News of the World grampeou ilegalmente 800 nos anos 2000, para conseguir informações que alimentassem a sua máquina de fofocas. O tablóide foi forçado a fechar suas portas em julho por causa do escândalo.
De acordo com a Scotland Yard, as pessoas presas nesta terça-feira (13/3) são suspeitas, desta vez, de "conspiração para obstruir o curso da justiça".
O escândalo das escutas, que abalou todo o império Murdoch, ainda não parou de provocar ondas no Reino Unido, onde a polícia, a mídia e os políticos encontraram-se envolvidos com o grupo de mídia. Vinte e duas pessoas no total já foram presas em conexão com a investigação, que, no entanto, ainda não levou a nenhuma acusação formal.
Outras investigações são realizadas em paralelo sobre os subornos realizados por jornalistas, principalmente com policiais, em troca de informações. Elas resultaram em 23 prisões, em sua maioria jornalistas do Sun. Uma comissão especial também está envolvida nas investigações.
David Cameron não foi poupado. Neste verão, ele foi alvo de críticas por escolher como porta-voz Andy Coulson, um ex-diretor do News of the World, e pelas suas reuniões frequentes com os líderes do grupo Murdoch. Recentemente, admitiu aos jornalistas que tinha montado um cavalo emprestado por Rebeca Brooks e seu marido, um "bom amigo" que conheceu há 30 anos no prestigioso Colégio Eton.
Na ausência do chefe de governo, em uma visita oficial aos Estados Unidos, Downing Street não quis comentar estas novas detenções, "que são da responsabilidade da polícia".