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Annan diz estar decepcionado com as respostas do governo sírio

Agência France-Presse
postado em 16/03/2012 14:59

Kofi Annan enviará representantes da ONU à Damasco para falar de uma missão de mediação.

Nova York - O enviado das Nações Unidas e da Liga Árabe à Síria, Kofi Annan, afirmou nesta sexta-feira (16/3), diante do Conselho de Segurança, que as respostas que Damasco deu a suas propostas de mediação da crise síria foram até o momento decepcionantes", informaram fontes diplomáticas.

"Quanto mais forte e unificada for a mensagem de vocês, haverá mais oportunidades de mudar a dinâmica do conflito", declarou o ex-Secretário Geral da ONU, que deu detalhes sobre os esforços para convencer o presidente sírio de por fim aos sangrentos enfrentamentos no país.

Annan participou de uma sessão a portas fechadas do Conselho de 15 países membros através de videoconferência de Genebra em que disse que continua discutindo, apesar de tudo e que enviará vários representantes a Damasco na próxima semana para falar de uma eventual missão de mediação, acrescentaram os diplomatas sem dar mais detalhes. Segundo a ONU, 8 mil pessoas morreram desde que os protestos começaram em março do ano passado, mas observadores opositores discordam desse número e falam em 9.100 mortos.

Annan se reuniu no fim de semana com Assad em uma missão centrada na necessidade "de um fim imediato da violência e os assassinatos, de um acesso das organizações humanitárias e de um diálogo" político no país.

O ex-chefe da ONU afirmou que sua proposta de "seis pontos" chaves para Assad ainda estava sobre a mesa, mas que não tinha "ilusões" sobre a escala de sua missão quando as revoltas entram no segundo ano. Na quarta-feira (14/3) recebeu uma resposta de Assad a suas propostas para uma solução da crise, mas pediu detalhes.

Enquanto isso, nas ruas sírias, milhares de manifestantes opositores solicitaram uma intervenção militar estrangeira nesta sexta-feira para derrotar o governo sírio. O Observatório Sírio informou sobre a morte de 15 pessoas no país nesta sexta-feira.

O chanceler sírio disse em Damasco que o governo tinha se comprometido a cooperar com Annan, ao mesmo tempo que a lutar contra o "terrorismo", o termo utilizado pela Síria para as revoltas contrárias ao regime.

O governo está "decidido a proteger seus cidadãos ao desarmar os terroristas e continua buscando uma solução pacífica para a crise e cooperar com o enviado especial Kofi Annan", declarou em uma carta dirigida à ONU, entregue pele agência estatal SANA.

Também solicitou a "todos os países e organizações que combatem o terrorismo...a pressionar todas as partes envolvidas para impedir o apoio a terroristas e o derramamento de sangue" na Síria.

O chanceler russo, Sergei Lavrov, tinha declarado anteriormente que Moscou estava usando seus contatos com o regime sírio para incentivar a cooperação em tudo o que for possível com Annan, mas as demais potências deveriam usar sua influência com a oposição armada. "Outros membros do Conselho de Segurança deveriam também fazer seu trabalho e solicitar à oposição que não provoque e intensifique a situação", disse.

China e Rússia vetaram em duas ocasiões uma resolução da ONU para condenar as autoridades sírias.

Os ativistas por sua vez convocaram em sua página do Facebook, Revolução Síria 2011, protestos nacionais depois das orações semanais muçulmanas para pedir uma "intervenção militar imediata de árabes e muçulmanos, seguida do resto do mundo".

"O povo quer a intervenção militar, que o Exército da Síria Livre seja armado e a queda do regime", exclamaram em coro milhares de manifestantes em Aleppo, no norte da Síria, disse um ativista por telefone à AFP.

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