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França recorda discretamente os 50 anos da independência da Argélia

Agência France-Presse
postado em 16/03/2012 16:52
Paris - Há 50 anos, no dia 18 de março de 1962, a assinatura dos acordos de Évian entre o governo francês e a Frente de Libertação Nacional argelina (FLN) pôs fim à guerra da Argélia e abriu caminho para a independência deste país depois de 132 anos de colonização.

"Temos que evitar soprar as brasas". A expressão, usada por um diplomata francês, resume perfeitamente a vontade da França de abordar este aniversário com um "espírito de moderação".

Os franceses se sentem aliviados por esse ponto de vista ser compartilhado pelas autoridades argelinas. Trata-se de não reacender as tensões de uma relação difícil, marcada por 130 anos de colonização e sete anos e meio de guerra.

Em ambos os países, o calendário eleitoral contribuiu para esse desejo de comedimento. Os franceses escolherão seu presidente do dia 22 de abril a 6 de maio e os argelinos realizarão eleições legislativas dia 10 de maio.

Em campanha por sua reeleição, o presidente Nicolas Sarkozy indicou, contudo, que não era preciso esperar declarações de arrependimento por parte de França. "Atrocidades foram cometidas por ambos os lados. Esses abusos, essas atrocidades foram e devem ser condenados, mas a França não pode se arrepender de ter realizado essa guerra", disse.

Em Paris se diz que o cinquentenário "se prepara", mas "não se comemora". Não haverá grandes cerimônias e cabe à sociedade civil, aos cientistas e aos historiadores a tarefa de "tratar as histórias de memória".

A discrição das autoridades contrasta com a atitude da sociedade civil e as associações na França, que programam numerosos atos, conferências, exposições, publicações de livros e filmes sobre o tema.

"Há uma comemoração silenciosa por parte dos Estados, mas, por outro lado, há uma grande demanda de memória histórica por parte das sociedades e das novas gerações, que querem saber o que ocorreu", afirma o historiador Benjamin Stora.

O conflito deixou cerca de 400 mil mortos, argelinos em sua maioria, segundo os historiadores franceses, e um milhão e meio segundo as autoridades argelinas.

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