Agência France-Presse
postado em 19/03/2012 16:03
Cidade do Vaticano - A América Latina, que em 2010 contava com quase 30% dos católicos do mundo, está sub-representada tanto na Cúria Romana (governo central da Igreja) quanto no Colégio Cardinalício.Segundo os dados do Anuário Pontifício de 2012 referentes ao ano de 2010, 28,34% dos católicos estão na América Latina. No entanto, só dois "ministérios" da Santa Sé são dirigidos por latino-americanos, um argentino e um brasileiro.
O cardeal argentino Leonardo Sandri, que foi a "voz" de João Paulo II durante seus últimos meses de vida, dirige a Congregação para as Igrejas Orientais, uma espécie de ministério para o Oriente Médio. O brasileiro Joao Braz de Aviz, que recebeu em fevereiro o título de cardeal, dirige a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, sendo responsável por 800.000 religiosos e religiosas distribuídos pelo mundo.
Dom Braz de Aviz, considerado um progressista, é uma pessoa relativamente jovem (64 anos), e disse numa entrevista recente que deseja um Colégio Cardinalício mais "universal", pedindo à Europa e aos Estados Unidos que desçam do pedestal e "voltem seu olhar" para a América Latina.
Só uns poucos prelados latino-americanos trabalham no Vaticano, entre eles o cardeal hondurenho Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga, presidente da organização humanitária Caritas International, e que figura entre os "papabili".
No total, são 32 cardeais vindos da América Latina, dos quais 21 têm direito ao voto, no caso de nova eleição de um papa. A Europa, com um número muito menor de católicos (23,83 %), conta com um verdadeiro exército no Colégio Cardinalício: 119 cardeais, 67 eleitores. A Itália, o país mais representado, possui 52 cardeais, mais do que toda a América Latina.
Durante o último consistório, celebrado em fevereiro, para a investidura de novos cardeais, os católicos da América do Sul notaram que só um arcebispo da região tinha sido promovido, no caso, Dom Braz de Aviz, e que boa parte dos designados trabalhavam na Cúria Romana.
O Brasil, o país com o maior número de católicos, 132 milhões - quase como Itália, França e Alemanha juntos -, conta com apenas dez cardeais, como a Espanha. Os Estados Unidos, potência econômica também dentro da Igreja, tem 18 cardeais. México, o segundo país do mundo em relação ao número de católicos, com 93 milhões, conta com quatro cardeais.
No caso de conclave na Capela Sistina para a eleição de um novo pontífice, os latino-americanos somam 21 votos entre os 124 eleitores, isto é, um voto sobre seis.
A idade avançada de Bento XVI, que fará 85 anos em abril, alimenta as conversações sobre os "papabili", os candidatos com possibilidades de sucederem ao Papa, entre eles figuram o italiano Angelo Scola e o canadense Marc Ouellet.
O prelado canadense, antigo catedrático de Teologia, é considerado um "peso pesado" do ponto de vista intelectual e pastoral. Além de inglês e francês, fala perfeitamente o espanhol, tendo sido professor do seminário Maior de Bogotá (Colômbia) e diretor do seminário de Manizales, também nesse país.