Agência France-Presse
postado em 19/03/2012 17:48
La Paz - O líder do opositor Movimento Sem Medo da Bolívia, Juan del Granado, informou nesta segunda-feira (19/3) que havia entregado uma documentação à embaixada do Brasil em La Paz revelando a conduta "duvidosa" da construtora brasileira OAS, responsável por uma polêmica estrada que atravessa um parque ecológico naquele país.Del Granado (centro-esquerda) informou que o embaixador brasileiro Marcel Biato convocou na semana passada uma reunião para tratar das denúncias feitas anteriormente de anormalidades no processo de contratação da empresa OAS, que pretende construir uma estrada pelo parque ecológico TIPNIS, projeto que recebeu a oposição de indígenas amazônicos.
"Entregamos ao embaixador brasileiro na Bolívia toda a documentação, e pedimos que ele faça as gestões necessárias para que isso chegue ao Planalto, ao governo brasileiro, ao Congresso, porque envolve uma empresa brasileira de atuação duvidosa", disse Del Granado, entrevistado pela rádio privada Erbol.
Ele afirmou que um dos elementos mais questionados é o pagamento de 7,5 milhões de dólares à OAS antes da assinatura do contrato para a construção da estrada.
"Foram feitos pagamentos em 2009, sem que houvesse contrato, sem que este estivesse em vigor", quando "em termos jurídicos o contrato não existia. O governo aprova o financiamento em 7 de abril de 2010, sete meses depois de pagar (a empresa). O que é essa dança de milhões?", disse.
Del Granado, ex-aliado político do presidente Evo Morales, disse que também entregou a documentação à Justiça para investigações.
O governo encomendou à OAS a construção de 306 quilômetros de uma estrada pelo território indígena TIPNIS, no centro do país e rico em flora e fauna, por um montante total de 415 milhões de dólares. O Brasil concedeu um crédito de 332 milhões de dólares para a realização da obra.
A obra está paralisada, pois os indígenas, que fizeram uma passeata em outubro do ano passado até La Paz, rejeitam o projeto, mas o governo de Morales aprovou uma lei para realizar uma "consulta prévia", um mecanismo que perguntará aos nativos se aceitam ou não a estrada.