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Apesar dos pedidos de trégua, campanha eleitoral francesa é mantida

Agência France-Presse
postado em 20/03/2012 15:50
Paris - A maioria dos candidatos à eleição presidencial francesa vivia nesta terça-feira (20/3) um delicado equilíbrio entre a preocupação de evitar passar a impressão de explorar politicamente a matança de Toulouse e a vontade de não poupar Nicolas Sarkozy, em sua condição de chefe de Estado. [SAIBAMAIS]

O presidente conservador Nicolas Sarkozy, assim como os candidatos socialista François Hollande, de extrema direita, Marine Le Pen, e ecologista, Eva Joly, anunciaram a suspensão de suas respectivas campanhas e cancelaram atos públicos programadas.

Por outro lado, o centrista François Bayrou e o candidato da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon discordaram e afirmaram nesta terça-feira (20/3) que mantêm suas campanhas.

Bayrou afirmou que é preciso "tratar da questão do aumento da intolerância", enquanto Mélenchon disse que continuar a campanha é "um ato de resistência". Os dois candidatos, o primeiro em busca de um segundo impulso (13%) nas pesquisas e o outro em pleno avanço (11%), negam qualquer utilização eleitoral da situação.

O atentado registrado na segunda-feira (19/3) em um colégio judeu de Toulouse deixou um adulto e três crianças mortas. Dias antes, três militares foram mortos a tiros em dois ataques, em Toulouse e na cidade próxima de Montauban. As agressões tinham sido cometidas pela mesma pessoa, segundo a polícia.

Ainda sob o impacto dessas matanças, a campanha continuava nesta terça-feira (20/3) para todo mundo, mas com características diferentes.

François Hollande seguiu a postura do presidente, que atua amparado por sua legitimidade institucional.
Depois de ter viajado na segunda-feira (19/3) para Toulouse e de ter participado à tarde de uma cerimônia em una sinagoga de Paris com Nicolas Sarkozy, Hollande fez um minuto de silêncio em uma escola nesta terça-feira (20/3) e participará na quarta-feira (21/3) da homenagem aos militares assassinados em Montauban, que será presidida pelo chefe de Estado. "Não há razões para pensar que um candidato faz disso com objetivos partidários", declarou o candidato socialista. "Não posso acreditar que ninguém instrumentalize uma desgraça. Não posso nem imaginar", acrescentou Hollande.

Na realidade, as lideranças dos partidos políticos se perguntam sobre o impacto dos atentados de Mountaubaun e Toulouse na campanha. Começando pela campanha do candidato socialista, até agora grande favorito da eleição presidencial e que as pesquisas apontam como ganhador no segundo turno, contra Nicolas Sarkozy.

Nas atuais circunstâncias, o presidente recupera automaticamente sua preeminência institucional e sua posição de garantidor da unidade nacional.

"Nesses momentos de violência extrema, o poder tem uma legitimidade" nos temas de alcance nacional, como a segurança, considerou Brice Teinturier, do instituto TNS Sofres em declarações à emissora France Info.

Nesta terça-feira (20/3), a imprensa francesa pedia quase unanimemente aos candidatos para evitar qualquer exploração desses crimes, apesar de ter manifestado poucas ilusões a respeito dessa unidade nacional.

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