Agência France-Presse
postado em 20/03/2012 16:15
Montevidéu - Os enfermeiros que confessaram ter assassinado pelo menos 16 pacientes aproveitavam emergências nos hospitais para obter as drogas que depois usariam para cometer seus crimes, revelaram nesta terça-feira (20/3) autoridades sanitárias do Uruguai. [SAIBAMAIS]O vice-ministro de Saúde Pública, Leonel Briozzo, explicou em coletiva de imprensa que em todos os centros de saúde do país existem registros e fiscalizações do uso de medicamentos para cada paciente.
Mas "em casos de emergência - bastante comuns em um centro de cuidados intensivos -, como uma parada cardiorrespiratória ou uma grande hemorragia- são estabelecidas medidas imediatas de reanimação e o controle fica de lado, frente à importância de medicar imediatamente para salvar vidas", acrescentou.
"Essas lacunas nas quais a atenção à saúde prevalece sobre o controle (...) eram lacunas que estes criminosos, com a intenção de prejudicar, aproveitavam para se apossarem delas (das drogas), segundo disse o juiz, para guardá-las e utilizá-las depois nos procedimentos de assassinato que cometiam", revelou.
Segundo Briozzo, a fiscalização "em termos genéricos, da medicação dada não falhou. O que falhou de alguma forma foi que havia pessoas que, em vez de estar reanimando gente, estavam especulando como roubar medicamentos para guardá-los e depois causar a morte de outras pessoas", enfatizou.
A sociedade uruguaia ficou horrorizada com as revelações trazidas à tona pelo caso de dois enfermeiros processados domingo à noite pelo homicídio de pelo menos 16 pacientes, tendo uma enfermeira como cúmplice.
Onze dos homicídios ocorreram em um CTI (Centro de Tratamento Intensivo) neurocirúrgico da Associação Espanhola, uma das maiores clínicas privadas do país em que trabalhavam os três acusados. Os outros cinco ocorreram em uma unidade de cuidados intermediários (cardiologia) do Hospital Maciel, da rede pública, onde também trabalhava um dos acusados.
Segundo fontes judiciais, um réu assassinava injetando ar por via intravenosa, o que provocava uma embolia pulmonar e parada cardíaca, enquanto o outro injetava anestésicos.
Embora os enfermeiros aparentemente tivessem uma relação de amizade, até agora a justiça não comprovou se executaram suas vítimas de forma coordenada.