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Polícia francesa sai à caça do assassino que deixou o país comovido

Agência France-Presse
postado em 20/03/2012 18:03
Toulouse - A polícia francesa se lançou nesta terça-feira (20/3) em uma caçada humana com meios excepcionais para encontrar o assassino em série, provável autor dos homicídios de três militares e da matança ocorrida na véspera em uma escola judaica, que deixou o país consternado.

As sete vítimas das matanças de Toulouse e Montauban (sul da França) morreram com um tiro na cabeça a queima-roupa disse nesta terça-feira o procurador da República a cargo da investigação, François Molins.

"Todas as vítimas morreram com um tiro a queima-roupa na altura da cabeça", declarou em uma coletiva de imprensa, informando que "estão trabalhando com todas as possibilidades".

Molins acrescentou que o autor dos três ataques dos últimos dias, em que morreram três militares, um rabino, duas crianças de 4 e 5 anos, e uma menina de 7, sabe que está sendo "perseguido" e é "capaz de agir novamente".

O procurador de Paris, onde estão centralizadas as investigações em virtude da competência anti-terrorista da procuradoria parisiense, destacou que as três matanças constituem atos premeditados e de "terrorismo no sentido jurídico". Ele lembrou "que no direito francês, a definição de terrorismo não é uma definição política mas sim uma definição jurídica".

Em todas as escolas da França foi respeitado um minuto de silêncio nesta terça às 11h (07h de Brasília) pela matança de segunda-feira no colégio de Toulouse.

O presidente Nicolas Sarkozy esteve presente em uma escola do centro de Paris para participar da homenagem. Depois, acompanhado do primeiro-ministro François Fillon, homenageou as quatro vítimas, cujos caixões serão repatriados esta noite a Israel.

Os corpos de Jonathan Sandler, professor de religião de 30 anos, de seus dois filhos Gabriel e Arieh (quatro e cinco anos) e de Myriam Monsonego (7 anos), todos com dupla nacionalidade, serão enterrados na quarta-feira em Israel, segundo o Consistório Central.

Chegados de Toulouse nesta tarde, as vítimas devem ser repatriadas para Israel no voo da El Al das 22h50 GMT (19h50 de Brasília).

O candidato socialista à Presidência francesa François Hollande participou também do minuto de silêncio em uma escola de Pré-Saint-Gervais (periferia de Paris).

Líderes das comunidades judaica e muçulmana convocaram uma marcha silenciosa comum para o próximo domingo em Paris, em memória das vítimas do ;assassino da moto;, anunciou nesta terça-feira o presidente do Conselho Representativo dos Judeus da França (CRIF).

Entre as pistas seguidas pela polícia está a de um assassino de motivação racista e antissemita que reivindica o pertencimento à ultra-direita.

Em 11 de março, o suposto assassino em série matou um soldado de origem magrebina em Toulouse. No dia 15 de março, atirou em três soldados do regimento de paraquedistas na cidade vizinha de Montauban, dois de origem magrebina, o terceiro de origem caribenha. Dois morreram e o terceiro ficou gravemente ferido.

Após a matança de segunda-feira na escola judaica, a França mobilizou meios excepcionais para encontrar o assassino, de frieza e determinação assustadoras.

Sarkozy anunciou a aplicação, pela primeira vez na França, do nível "escarlate", o mais alto de alerta antiterrorista, chamado ;Vigipirate; na região de Toulouse.

Uma fonte ligada à investigação indicou que o assassino utilizou a mesma scooter, uma Yamaha T-MAX 500 cm3 que foi roubada no dia 6 de março na região de Toulouse. Além disso, nos três ataques a mesma arma foi utilizada, uma pistola automática de calibre 11,43.

O ministro do Interior, Claude Gueant, revelou um detalhe perturbador. "Uma testemunha viu uma pequena câmera em torno do pescoço do assassino". É um dispositivo "para gravar imagens e depois assisti-las no computador", segundo o ministro.

"Na minha percepção isso tende a reforçar o perfil psicológico do assassino", descrito como "muito cruel", disse.

[SAIBAMAIS]No entanto, o procurador François Molins minimizou posteriormente as declarações de Guéant. Não há "certezas" de que o agressor tenha agido com essa câmera, indicou.

O atentado causou uma pequena pausa na campanha pela Presidência francesa (22 de abril e 6 de maio).

Sarkozy, candidato a um segundo mandato, declarou que não faria campanha até quarta-feira, dia dos funerais dos três militares em Montauban, dos quais participará. Seu adversário socialista François Hollande mencionou uma "causa que está acima de todos", "a causa da unidade nacional".

A imprensa francesa saudava nesta terça-feira essa atitude dos candidatos e este momento de solidariedade nacional.

A tragédia comoveu todo o país. Diante da escola judaica de Toulouse foram deixadas dezenas de velas e depositados vários buquês de flores.

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