Lommel - A pequena cidade de Lommel, no norte da Bélgica, prestou nesta quarta-feira (21/3) uma homenagem às crianças que lá viviam e foram vítimas de um trágico acidente de ônibus na Suíça, quando voltavam de uma excursão escolar.
Centenas de pessoas desta pequena cidade fronteiriça se reuniram diante de uma gigantesca sala de espetáculos na periferia da cidade, em meio a um bosque de pinheiros, para acompanhar a cerimônia, na qual também estavam presentes o rei dos belgas Albert II, a rainha Paola e o príncipe herdeiro da Holanda, William, acompanhado da princesa Máxima, de origem argentina.
A adolescente Frayeke Verheyen foi uma das primeiras a chegar. "Vim acompanhar dois amigos que perderam a irmã; ela estava no ônibus. Estou triste, como todo o mundo nesta cidade. Nada aqui é como antes", afirmou a jovem.
Quinze crianças e dois adultos desta tranquila cidade morreram no terrível acidente do dia 13 de março que comoveu a Bélgica e a Suíça. A cidade belga de Heverlee também deve prestar homenagem na quinta-feira às sete crianças e dois adultos que morreram no acidente e que moravam ali.
A tragédia ocorreu quando um ônibus se chocou em um túnel de Sierre, no cantão suíço de Valais (sul), provocando a morte de 28 pessoas, entre elas 22 crianças de cerca de 12 anos.
Odile Dievens, de mais ou menos sessenta anos, explica que toda a cidade de Lommel chorou a perda das 15 crianças, de sua professora e a acompanhante. "Nem consegui dormir. Pensava nos pais, nas mães, nas famílias, que estão muito tristes, todo mundo está triste", conta enquanto faz fila para entrar na la sala.
O silêncio dominava a cerimônia à medida que chegavam os membros da realeza, entre eles os príncipes da Holanda, que quiseram prestar homenagem às seis vítimas holandesas da tragédia, apesar do príncipe Johan Friso, segundo filho da rainha Beatrix da Holanda, estar hospitalizado depois de ser ferido gravemente por uma avalanche de neve, dia 17 de fevereiro nos Alpes austríacos.
O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy e o presidente belga Elio Di Rupo e da Holanda, Marc Rutte, também viajaram até a pequena e tranquila cidade. Nada será como antes, opinaram Linda Cornette e Rik Geuens, um casal de aposentados. "Todo mundo fala do que aconteceu", explica Linda.
Os muros e a grade do anfiteatro estavam cobertas de mensagens de apoio às famílias. Desenhos, cartas e brinquedos. "Descanse em paz", "Jamais te esqueceremos", "Por quê?, Por quê?", diziam.
Uma tela gigante na entrada do edifício mostrava fotos das crianças. O corredor estava rodeado de bolas brancas. Às 10H30 (7h30 de Brasília) começou a cerimônia e o monarca belga cumprimentou, emocionado, cada um dos familiares das vítimas.
"Todo o país está triste", disse Linda. Investigadores da Suíça viajarão para a Bélgica para interrogar os passageiros que sobreviveram e tentar compreender por que essas crianças que foram esquiar na Suíça não puderam voltar a suas cidades.