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Conselho Nacional Sírio condena votação na ONU e ataques prosseguem

Agência France-Presse
postado em 22/03/2012 14:44
Damasco - O opositor Conselho Nacional Sírio (CNS) lamentou nesta quinta-feira (22/3) a adoção da declaração pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas na véspera, alegando que o texto não recrimina a repressão desencadeada pelo presidente sírio, Bashar al-Assad, contra os civis.

"Esse tipo de declaração, em meio a contínuas matanças, dá ao regime a oportunidade de prosseguir com a repressão para esmagar a revolta do povo sírio", afirmou à AFP por telefone, em Istambul, Samir Nashar, do comitê executivo do CNS. "É hora de o Conselho de Segurança da ONU usar seus poderes para frear os massacres. Não há, de forma alguma, como chegar a um compromisso com o regime Assad", enfatizou.

O Conselho de Segurança aprovou na quarta-feira (21/3) uma declaração na qual convoca a Síria a aplicar imediatamente o plano de paz proposto pelas Nações Unidas e pela Liga Árabe, formulando uma advertência velada sobre eventuais medidas internacionais.

Após intensas negociações entre as potências, Rússia e China aprovaram uma proposta redigida pelos países ocidentais que pede ao presidente sírio que atue para pôr um fim às hostilidades e por uma transição democrática. A declaração presidencial, com menos peso do que uma resolução formal, dá um forte apoio a Annan e ao plano de seis pontos que pôs sobre a mesa de negociações em Damasco no início deste mês.

O Conselho "convoca o governo e a oposição da Síria a trabalharem de boa fé com o enviado sobre um acordo de paz na crise síria e a implementar de forma completa e imediata sua proposta inicial de seis pontos".

Enquanto isso, prosseguiam nesta quinta-feira (22/3) os confrontos que recentemente alcançaram a capital entre soldados e desertores. O Exército Sírio Livre (ESL), que reúne principalmente militares dissidentes, anunciou a criação de um Conselho Militar para Damasco e sua região. A violência vinculada à repressão da revolta que sacode a Síria há mais de um ano já deixou mais de 9.000 mortos no país, segundo o OSDH.

As tropas governamentais realizaram nesta quinta (22/3) ataques contra várias cidades rebeldes, em especial Sarmine, na província de Idleb (noroeste), onde um adolescente de 17 anos morreu.

No total, 26 pessoas morreram nesta quinta-feira (22/3) no país, entre eles soldados do Exército, segundo a ONG. Dez civis, incluindo três crianças e duas mulheres, também morreram após um ataque a um ônibus a bordo do qual fugiam da violência na província de Idleb (noroeste). Nove passageiros, membros de duas famílias, morreram, assim como o motorista, quando o ônibus se encontrava perto da cidade de Sermine.

Em declarações à AFP, Milad Fadl, um militante da Comissão Geral da Revolução Síria (CGRS), afirmou que "as forças do regime atiraram em um ônibus que transportava refugiados pela estrada entre Idleb e Sarmin em direção à Turquia".

A União Europeia (UE) vai adotar na sexta-feira (23/3) uma nova série de sanções contra o governo sírio dirigidas, em parte, à esposa presidente Bashar al Assad.

Asma al-Assad faz parte de uma lista de doze pessoas que inclui vários membros da família Assad, cujos bens serão congelados e cujos deslocamentos serão proibidos dentro da UE, afirmou um diplomata que não quis ser identificado.

A decisão de sancionar Assad deve ser formalizada numa reunião de ministros europeus das Relações Exteriores em Bruxelas.

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