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EUA alertam para riscos em usar exércitos contra narcotraficantes

Agência France-Presse
postado em 22/03/2012 18:22
Washington - Os países latino-americanos devem avaliar cuidadosamente o uso de seus exércitos na luta contra o crime organizado e o narcotráfico, disseram nesta quinta-feira (22/3) altos funcionários do governo americano.

"Temos que entender que sempre haverá o risco de violações de direitos humanos", disse o subsecretário de Defesa Adjunto para as Américas, Paul Stockton, em um evento sobre a região no Congresso americano.

O México mantém os militares mobilizados há cinco anos para enfrentar os violentos cartéis da droga, enquanto em alguns países da América Central estão outorgando maiores funções policiais a seus exércitos, diante do forte aumento dos níveis de violência na região.

"Posso entender a frustração do presidente (da Guatemala Otto) Pérez Molina e de outros, mas acredito que essa decisão (de usar as forças armadas) necessita ser tomada com muito cuidado, pela história" da região, que sofreu décadas de guerras civis, disse a embaixadora americana na Organização dos Estados Americanos (OEA), Carmen Lomellin.

"Deve-se observar a história das Américas e sua relação com os militares, por razões óbvias", disse Lomellin, ao lembrar regimes ditatoriais militares na América do Sul no século passado.

"Os desafios em matéria de segurança cidadã são enfrentados melhor por instituições encarregadas da segurança cidadã", disse Stockton, que, contudo, deixou claro que a utilização dos exércitos é "uma decisão soberana" de cada país.

"Se os militares cometem violações de direitos humanos, perdem respaldo popular", o que torna mais difícil "alcançar o objetivo final", alertou Stockton.

O funcionário do Pentágono disse que a Colômbia pode ser vista como um "caso de estudo", pelos feitos conhecidos como "falsos positivos", nos quais militares apresentavam civis sequestrados e assassinados por eles como rebeldes mortos em combate .

"É um bom exemplo de como as violações aos direitos humanos podem se aprofundar", apesar de a Colômbia ter "avançado genuinamente" nesses casos e atualmente "exportar ajuda" em segurança para outros países da região, disse Stockton.

"Observemos cuidadosamente essas experiências e aprendamos delas, não repitamos os mesmos problemas", disse.

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