Mundo

Sargento é acusado formalmente pelo massacre de 17 pessoas no Afeganistão

Agência France-Presse
postado em 23/03/2012 18:54
Cabul - O sargento americano Robert Bales, acusado de ter matado civis afegãos, incluindo crianças, foi formalmente acusado nesta sexta-feira (23/3) de 17 assassinatos e de seis tentativas, revelou o Exército americano em um comunicado em Cabul.

O militar de 38 anos deixou sua base no distrito de Panjwayi, na província de Kandahar (sul), no meio da noite de 11 de março, e em seguida matou em duas aldeias vizinhas 17 pessoas, incluindo mulheres e crianças, e queimou seus corpos, segundo a acusação. Apesar dos fortes protestos afegãos, ele foi transferido aos Estados Unidos, onde é mantido em prisão provisória.

De acordo com o código militar, "a sentença máxima caso seja considerado culpado por assassinato é a morte, após a expulsão das Forças Armadas, o rebaixamento ao posto menos elevado e a supressão de qualquer soldo", destaca o comunicado.

A sentença mínima caso seja condenado pelas mortes é a prisão perpétua, com possibilidade de liberdade condicional, ainda de acordo com o texto.

Apesar dos fortes protestos afegãos, até por parte do presidente Hamid Karzai, que denunciou uma falta de cooperação americana que "não pode mais ser tolerada", o sargento Bales foi transferido aos Estados Unidos e colocado em detenção provisória na prisão militar de Fort Leavenworth (Kansas).

Após essa acusação oficial, Bales comparecerá, assistido por seus advogados, a uma audiência preliminar, em uma data não determinada, antes da apresentação a uma corte marcial, para ser julgado no prazo de "18 a 24 meses", segundo o oficial Chris Ophardt.

As razões de seu ato ainda não foram esclarecidas, mas, segundo um de seus advogados, John Henry Browne, seu cliente sofre de amnésia relacionada aos fatos.

Os investigadores mencionaram problemas com álcool e na vida pessoal, mas, segundo o advogado, seu cliente não estava embriagado. A defesa ainda trabalha com a ideia de um eventual estresse pós-traumático.

Quando estava servindo no Iraque, em 2010, o sargento Bales sofreu traumatismo craniano em um acidente rodoviário, o que poderia explicar o estresse pós-traumático.

Casado e pais de dois filhos, o sargento Bales é acusado de matar nove crianças, quatro mulheres e quatro homens, além de ferir outras quatro crianças, uma mulher e um homem.

O massacre tornou ainda mais tensas as relações entre Washington e Cabul, após incidentes anteriores envolvendo militares americanos, principalmente a queima de exemplares do Alcorão, enquanto Washington tem como objetivo concluir no final de 2014 a sua retirada militar do Afeganistão.

Nesta sexta-feira, familiares das vítimas pediram novamente que o militar seja julgado no Afeganistão.

"Se este homem for julgado no Afeganistão, ficaremos aliviados. Se for julgado nos Estados Unidos, lamentaremos muito", disse Haji Samad, que perdeu onze familiares no massacre.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação