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Reunião em Seul é ofuscada por foguete norte-coreano e a crise no Irã

Agência France-Presse
postado em 26/03/2012 11:46

Seul - O presidente americano, Barack Obama, prometeu nesta segunda-feira (26/3) em Seul uma redução do arsenal atômico norte-americano, junto com o da Rússia, no primeiro dia da reunião de cúpula sobre a segurança nuclear e terrorismo, dominada pelo Irã e pelo projeto da Coreia do Norte de lançar um foguete. A reunião com autoridades de 53 países teve início em um contexto de grande tensão com a Coreia do Norte. Além dos representantes dos Estados, a reunião de cúpula também tem as participações da Interpol e de outras organizações internacionais.

A abertura oficial aconteceu com um jantar de trabalho comandado pelo presidente sul-coreano Lee Myung-bak. Em um comunicado, os organizadores saudaram os avanços substanciais realizados desde a primeira reunião. Obama afirmou que milhares de libras de material nuclear foram retiradas das instalações no mundo. Com grande potencial bélico, o material, que atualmente está em segurança, não pode ser utilizado contra uma cidade como Seul.

A primeira reunião deste tipo aconteceu em 2010 em Washington e tinha como objetivo impedir que o plutônio ou urânio altamente enriquecido caíssem nas mãos de terroristas. Desde então, vários países, incluindo Cazaquistão, México e Ucrânia, transferiram material nuclear para áreas seguras. Em um discurso pronunciado para estudantes antes da abertura da reunião de dois dias, Obama declarou que os Estados Unidos não tem intenções hostis e deseja a paz com o governo norte-coreano. Mas o presidente norte-americano acrescentou que as provocações e a continuidade de armas nucleares não garantem a segurança que a Coreia do Norte busca.

A Coreia do Norte anunciou em 16 de março o lançamento para meados de abril de um foguete de longo alcance com um satélite de uso civil. O anúncio foi feito poucos dias depois de Pyongyang ter se comprometido com Washington a uma moratória dos lançamentos de mísseis, testes nucleares e atividades de enriquecimento de urânio, em troca de ajuda alimentar americana.

O governo dos Estados Unidos e seus aliados denunciam um disparo de míssil dissimulado, o que contraria as resoluções da ONU, que proíbe a Coreia do Norte de executar testes nucleares ou balísticos. Obama se reuniu nesta segunda-feira com o presidente chinês Hu Jintao para pedir que Pequim tente convencer a Coreia do Norte a abandonar o projeto de lançar o foguete. Jintao também expressou grande preocupação diante do projeto de lançamento de um foguete por parte da Coreia do Norte.

A China é a única aliada de peso de Pyongyang e serve de pulmão econômico para o país comunista. A Coreia do Sul advertiu nesta segunda-feira que destruirá em voo o foguete norte-coreano em caso de desvio e entrada no território sul-coreano no lançamento. O Japão também alertou que mobilizará o sistema antimísseis.

Obama também reservou palavras de advertência para o Irã e afirmou que não resta muito tempo para Teerã demonstrar boa vontade e resolver, pela via diplomática, a crise com os ocidentais sobre o programa nuclear do país. Apesar das negativas de Teerã, Israel e vários países ocidentais suspeitam que o Irã tenta produzir armamento atômico sob a fachada de um programa nuclear civil.

Para os estudantes de Seul, Obama destacou os progressos obtidos desde a primeira reunião sobre a segurança nuclear em termos de eliminação e controle de material que poderia ser utilizado na elaboração de mísseis ou bombas. Para o presidente norte-americano, a ameaça do terrorismo nuclear continua sendo uma das principais ameaças para a segurança mundial.

Obama pediu aos dirigentes dos 53 países presentes que continuem trabalhando para a segurança nuclear e prometeu novas ações para reduzir o arsenal americano, assim como o da Rússia. Uma fonte do governo americano afirmou que Barack Obama pode apresentar uma nova proposta de redução do armamento nuclear em maio ao presidente eleito russo, Vladimir Putin, no primeiro encontro de ambos como chefes de Estado.

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