Agência France-Presse
postado em 26/03/2012 16:53
França - O ex-diretor-gerente do FMI Dominique Strauss-Kahn enfrentará na quarta-feira (28/3) duas frentes judiciais, uma num tribunal penal da França, por suspeita de "cumplicidade com lenocínio", e outra nos Estados Unidos - um processo civil conhecido como o caso Diallo, nome da camareira que o acusou de agressão sexual.Ao final de dois dias de detenção para uma investigação em Lille, há pouco mais de um mês, Dominique Strauss-Kahn foi convocado para responder na justiça na quarta-feira por "participação em atos de proxenetismo agravados com formação de quadrilha" e "ocultamento de abuso de bens sociais", acusações passíveis a 20 anos e a cinco anos de prisão, respectivamente.
Em Nova York, um tribunal do Bronx realizará a primeira audiência do processo civil depois da queixa apresentada pela camareira Nafissatou Diallo, que acusou Strauss-Kahn de agressão sexual - um caso em que a justiça penal dos Estados Unidos retirou as acusações.
O juiz Douglas McKeon presidirá a audiência. Os advogados de Strauss-Kahn pediram que fosse arquivada a demanda civil sob o argumento de que seu cliente gozava, nesse momento, de imunidade judicial, na qualidade de diretor do FMI. Nem Strauss-Kahn nem Nafissatou Diallo são obrigados a assistir à audiência.
"Darei aos advogados (de ambas as partes) a oportunidade de defender seus argumentos e farei perguntas. Anunciarei minha decisão nas semanas seguintes. Será uma sentença por escrito", explicou o magistrado. Se a justiça chegar à conclusão que Strauss-Kahn não pode ser processado, "será o fim do caso", acrescentou.
Mas se aceitar os argumentos dos advogados de Nafissatou Diallo, para os quais DSK não possuía imunidade diplomática, terá início, então, um longo processo. Em Lille, os magistrados que instruem o caso de proxenetismo, ou caso Carlton, tentam determinar se Strauss-Kahn sabia que as participantes de festas libertinas frequentadas por ele eram prostitutas. Algumas delas declararam que ele não podia ignorar isso.
DSK disse aos investigadores que não podia imaginar que essas jovens fossem prostitutas, já que algumas delas "foram apresentadas a ele por funcionários da polícia", segundo as fontes. A advogada Fréderique Baulieu afirmou que seu cliente está "satisfeito por ter prestado depoimento de forma serena" e que "explicou totalmente os fatos sobre os quais foi ouvido" durante a detenção.
A investigação revelou que várias viagens de envolvidos no caso, acompanhados por prostitutas, foram organizadas e financiadas por dois empresários da região de Lille, Fabrice Paszkowski e David Roquet.
A última dessas viagens teve Washington como destino e durou de 11 a 13 de maio, véspera da detenção de Strauss-Kahn em Nova York pelo caso Diallo. Os dois empresários fazem parte das oito pessoas acusadas no processo, aberto por acusações de que dirigentes do hotel Carlton de Lille punham seus clientes em contato com prostitutas durante suas estadas no estabelecimento.[SAIBAMAIS]