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Liga Árabe busca se adaptar a um Oriente Médio em ampla ebulição

Agência France-Presse
postado em 27/03/2012 12:29
Cairo - As rebeliões da Primavera Árabe sacudiram a Liga Árabe, considerada durante décadas como um simples clube de déspotas, que na cúpula de quinta-feira (29/3) em Bagdá buscará se mostrar em sintonia com as aspirações populares. Em um ano, a Liga Árabe tomou duas decisões transcendentes - a exclusão aérea da Líbia para derrubar o general Muamar Kadhafi e a adoção de sanções contra a Síria - ambas inimagináveis na época em que a organização pan-árabe se limitava a apoiar a causa palestina.

Com a explosão das revoltas populares, a organização de 22 membros, cuja sede está localizada na famosa Praça Tahrir do Cairo, epicentro da rebelião contra o presidente Hosni Mubarak, enfrentou o dilema de adaptação ou morte. A Primavera Árabe derrubou dois dos pilares da Liga, o presidente tunisiano Zine El Abidine Ben Ali e seu colega egípcio Hosni Mubarak, e dois de seus veteranos, o coronel Kadhafi e o iemenita Ali Abdullah Saleh.

O presidente sírio, Bashar al-Assad, enfrenta uma onda de contestação cada vez mais intensa que pode levar a uma guerra civil, enquanto outros países, como Bahrein, enfrentaram grandes movimentos de protesto. Em janeiro de 2011, o então secretário-geral da Liga Árabe, o egípcio Amr Mussa, havia incentivado, em vão, os dirigentes árabes a responder sem demora "à ira e à frustração sem precedentes" de seus povos.

Os acontecimentos da Líbia ofereceram à instituição árabe uma primeira chance para se adaptar à nova situação. A Liga suspendeu a Líbia e aprovou uma zona de exclusão aérea, habilitando a intervenção da Otan que terminou com a queda de Kadhafi. Ben Hill afirma que o ativismo do pequeno, mas riquíssimo emirado do Qatar, presidente rotativo da Liga, também teve um grande peso.

O enfraquecimento dos pilares regionais tradicionais, como Egito e Síria, deu aos países do Golfo um maior espaço para suas ambições na Liga. Mas esta influência impediu que a Liga Árabe cumprisse um papel na crise do Bahrein, dirigida por uma monarquia sunita apoiada pela Arábia Saudita. A Liga também esteve afastada da crise do Iêmen, que levou à renúncia do presidente Saleh, deixando a solução nas mãos do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG).

O atual secretário da Liga Árabe, o egípcio Nabil al-Arabi, está determinado a perseverar na nova orientação, e pediu ao chefe da diplomacia argelina, Lakhdar Brahimi, um plano para dar à organização fundamentos que lhe permitam enfrentar os novos desafios no mundo árabe. Uma das propostas poderia ser a criação de um Conselho de Segurança, considera Ahmed Ben Hilli.

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