Agência France-Presse
postado em 29/03/2012 10:24
Tóquio - A Coreia do Norte começou a injetar combustível nos tanques do foguete que pretende lançar em meados de abril, apesar dos pedidos da comunidade internacional para que renuncie ao projeto, o que provocou a suspensão da ajuda alimentar dos Estados Unidos. A Coreia do Norte anunciou em meados de março o lançamento do foguete, entre 12 e 16 de abril, para colocar em órbita um satélite de observação de uso civil, mas os Estados Unidos e os aliados encaram a operação como um teste de míssil balístico de longo alcance, e exigem seu cancelamento.[SAIBAMAIS]Na terça-feira (27/3), o regime norte-coreano afirmou que jamais abandonará o direito de lançar "um satélite pacífico", e convidou especialistas da Nasa a assistir a operação. O anúncio norte-coreano foi feito poucos dias depois de Pyongyang ter se comprometido com Washington a cumprir uma moratória sobre os lançamentos de mísseis, testes nucleares e atividades de enriquecimento de urânio em troca de uma ajuda alimentar. O acordo parece agora enterrado. Na quarta-feira, os Estados Unidos suspenderam a ajuda humanitária à Coreia do Norte, por considerar que o lançamento viola o acordo acertado entre os dois países em fevereiro passado.
O lançamento de mísseis pela Coreia do Norte "reflete sua falta de desejo de cumprir com seus compromissos internacionais, portanto nos vimos forçados a suspender a ajuda alimentar que fornecemos" a este país, informou aos legisladores o subsecretário de Defesa para assuntos da Ásia e do Pacífico, Peter Lavoy. Diante das decisões da Coreia do Norte, os Estados Unidos não confiam na possibilidade de "assegurar que a assistência alimentar chegará às pessoas que passam fome, e não à elite do regime", disse Lavoy perante o Comitê de serviços militares da Câmara de Representantes.
Pelo acordo obtido no mês passado, Pyongyang aceitou um congelamento parcial de seu programa nuclear e uma moratória dos testes com mísseis em troca de assistência alimentar americana. A Coreia do Norte sofre uma penúria alimentar crônica. Na segunda metade dos anos 90, centenas de milhares de pessoas morreram de fome no país, segundo várias ONGs.
A agência oficial norte-coreana KCNA anunciou que o satélite que será lançado permitirá ao país uma avaliação melhor das plantações e compilar dados meteorológicos. Pyongyang convidou cientistas estrangeiros, incluindo da Nasa, e jornalistas para acompanhar o lançamento, segundo a agência, que destacou o "caráter pacífico do satélite científico".