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Lideres árabes estão divididos sobre armamento de rebeldes na Síria

Agência France-Presse
postado em 29/03/2012 16:07
Bagdá - Os líderes árabes, reunidos nesta quinta-feira (29/3) em Bagdá, demonstraram compaixão para com o povo sírio, mas parecem estar divididos sobre a questão de armar os rebeldes na Síria, onde o exército continua com a repressão contra as cidades rebeldes.

Com exceção da Tunísia, nenhum país apelou diretamente a uma partida do presidente Bashar al-Assad durante a cúpula da Liga Árabe, realizada pela primeira vez em mais de 20 anos.

A Arábia Saudita e o Qatar, defensores do envio de armas para a oposição, enviaram para a reunião apenas funcionários de menor importância. O primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, mostrou-se fortemente contrário a esta idéia.

"Nossa experiência no Iraque, de armar ambos os lados do conflito, irá levar a uma guerra regional e internacional por procuração na Síria", disse. Isto "prepararia o terreno para uma intervenção armada estrangeira na Síria, o que prejudicaria a soberania de um irmão árabe", acrescentou.

Moncef Marzuki, presidente da Tunísia, que chegou ao poder na Primavera Árabe, lançou palavras duras contra o regime sírio e pediu ao presidente Bashar al-Assad a sua saída imediata. "Temos de aumentar a pressão e convencer seus últimos aliados de que o regime está morto, que é preciso pará-lo e que não há futuro".

Por sua parte, o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, apelou ao presidente Assad a agir imediatamente para implementar o plano apresentado pelo enviado especial Kofi Annan.

Assad afirmou nesta quinta-feira que seu país aceitou o plano, "fazendo, contudo, observações" sobre o seu conteúdo, em uma mensagem endereçada aos Brics, que se reúnem em Nova Dhéli, e levada a público pela agência de notícias oficial SANA.

Durante a abertura da cúpula, o presidente do Conselho Nacional de Transição da Líbia (CNT), Mustafá Abdul Jalil, pediu aos "países árabes a adoção de uma posição forte para enfrentar a crise síria".

A presença deste líder ilustra a onda revolucionária que varreu o mundo árabe. A última reunião da cúpula árabe aconteceu em Sirte (Líbia), em 2010 e foi presidida por Muammar Kadhafi, deposto e morto pela revolução de seu país.

Dez dos 20 chefes de Estado árabes convidados para a reunião estavam presentes. A Síria não foi representada por causa de sua suspensão da Liga Árabe devido a repressão violenta no país, que começou há mais de um ano.

A reunião, que formaliza o retorno do Iraque a família árabe, também foi marcada pela vinda histórica do Emir do Kuwait, mais de vinte anos após a invasão do seu país pelas tropas de Saddam Hussein, o ditador executado no final de 2006.

Na "Declaração de Bagdá", a ser adotada na reunião, os líderes árabes apoiam "o desejo legítimo de liberdade e democracia do povo sírio, que quer escolher o seu futuro, e apoiam uma transferência pacífica do poder".

"Eles denunciam a violência, assassinato e derramamento de sangue, são a favor de uma solução política através de negociações nacionais, recusam uma interferência externa na crise síria".

Eles apoiam "a missão de Kofi Annan para iniciar as negociações políticas entre o governo e a oposição da Síria, a partir da iniciativa" aprovada pelo Conselho de Segurança e da Liga Árabe.

O plano de paz apresentado pelo emissário da ONU-Liga Árabe, Kofi Annan, prevê o fim violência por todas as partes, a prestação de ajuda Humanitária e a libertação das pessoas detidas arbitrariamente.

Enquanto isso, o Exército sírio manteve suas operações contra os rebeldes em todo o país, violando, de acordo com os Estados Unidos, as disposições do Plano Annan.

Pelo menos 14 civis sírios foram nesta mortos quinta-feira nas províncias de Idleb (noroeste), Homs e Hama, centro da Síria, onde oito soldados e um rebelde também morreram, segundo uma ONG síria .

Em Bagdá, um morteiro caiu, sem causar vítimas, perto do local da cúpula, apesar das medidas de segurança extraordinárias. Jihadistas iraquianos pediram nos últimos dias que "atacassem a sede da cúpula árabe" em seu site.

Além da Síria, a "Declaração de Bagdá" abordará também a questão da Palestina, da Somália e as armas nucleares detidas por Israel.[SAIBAMAIS]

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