Agência France-Presse
postado em 03/04/2012 15:21
Yagun - A Liga Nacional para a Democracia (LND), da opositora Aung San Suu Kyi, tornou-se a primeira força de oposição no Parlamento de Mianmar, após as eleições parciais históricas de domingo, declaradas pelo presidente como bem-sucedidas.Segundo os resultados oficiais anunciados nesta terça-feira (3/4) pela televisão estatal, a LND ganhou 43 das 44 cadeiras disputadas: 37 para a câmara baixa, 4 para a câmara alta e 2 para as assembleias regionais.
A Liga, que obteve uma esmagadora vitória nas eleições de 1990, mas nunca foi reconhecida pela junta militar, é agora a segunda força do Parlamento Nacional, atrás do Partido Nacional Democrático Shan (SNDP).
O SNDP, conhecido como "Tigre branco" e que possui um forte apoio da minoria étnica shan, foi o único que conseguiu competir com o partido de Suu Kyi no domingo.
O Partido da Solidariedade e do Desenvolvimento da União (USDP), formado por todos os antigos membros da junta antes das eleições controversas de novembro de 2010, levou uma única cadeira, que não era disputada pela LND.Apesar disso, o poder não tem nada a temer.
O USDP reivindicou cerca de 80% das cadeiras nas eleições de 2010. Um quarto dos parlamentares são, em virtude da Constituição, militares designados à margem do processo eleitoral.
"As eleições aconteceram com sucesso", comentou o presidente Thein Sein durante uma reunião da Associação das Nações da Ásia do Sudeste (Asean), em Phnom Penh.
O ex-general, que realiza reformas no país desde a dissolução da junta, chegou a encorajar o retorno de Suu Kyi à política, após os 15 anos de prisão domiciliar.
Para seus homólogos da Asean, ele afirmou que as eleições foram "livres e justas" e que, portando, aceitava os resultados, segundo o ministro adjunto das Relações Exteriores do Camboja, Kao Kim Hourn, cujo país preside o bloco regional.
As eleições, consideradas um teste da sinceridade das reformas do novo regime, foram comemoradas pela comunidade internacional.
Nesta terça-feira (3/4) , os líderes da Asean pediram que "todas as sanções contra Mianmar sejam retiradas", declarou Kao Kim Hourn.
"A retirada das sanções vão contribuir positivamente com o processo democrático e o desenvolvimento econômico de Mianmar", acrescentou.
De acordo com analistas, as eleições podem pressionar o ocidente para aliviar as sanções, mas não retirá-las completamente.
[SAIBAMAIS]Os Estados Unidos comemoraram na segunda-feira uma "etapa importante para o processo de democratização". Mas a retirada de suas sanções necessita da aprovação do Congresso. Vários políticos americanos já manifestaram o desejo de agir com prudência.
A União Europeia, que planeja aliviar suas sanções até o final de abril, deu início, nesta terça-feira, a debates para decidir a extensão do gesto, segundo fontes diplomáticas.