Agência France-Presse
postado em 05/04/2012 14:39
Londres - A emissora de televisão britânica Sky News, de propriedade do grupo de Murdoch, admitiu nesta quinta-feira (5/4) ter "autorizado" a invasão de caixas postais eletrônicas durante a investigação de um comentado caso de fraude, em 2008.
Em um comunicado, o canal de notícias 24 horas por dia reconheceu ter "autorizado um jornalista a acessar a caixa postal de indivíduos suspeitos de atividades ilegais"."Estas ações eram editorialmente justificadas e de interesse público", afirmou.
O caso a que se refere o Sky News é o de um casal que fingiu a morte do marido em um acidente de canoagem para ficar com o seguro de vida. A emissora informou ter encaminhado à polícia os e-mails interceptados e alegou que eles desempenharam um papel "fundamental" para provar a culpa de John e Anne Darwin, em 2008.
Consultado pela AFP, uma porta-voz da autoridade policial envolvida no caso se limitou a dizer que foram "parte das provas apresentadas ao júri".
A Sky News pertence à plataforma televisiva BSkyB, cujo primeiro acionista é a News Corp., o grupo do magnata americano Rupert Murdoch. News Corp., abalado desde o ano passado pelo escândalo das escutas telefônicas ilegais realizadas por funcionários do hoje extinto jornal dominical News of the World.
O filho do magnata, James Murdoch, demitiu-se na terça-feira da presidência da BSkyB, argumentando que não queria que o escândalo salpicasse esta companhia.
A Sky News anunciou por outro lado que, em vista do "interesse crescente pelas práticas jornalísticas, encomendou um estudo "externo dos arquivos de correio eletrônico" e uma auditoria de pagamentos feitos por seus jornalistas.
"Se forem encontradas irregularidades, começaríamos imediatamente uma investigação", acrescentou o comunicado.
Murdoch tenta evitar uma extensão do escândalo do News of the World, que já levou à detenção de mais de 20 funcionários do semanário por ligação com as escutas. Outras 20 pessoas, entre jornalistas do News of the World e do Sun, outro periódico do News Corp., foram detidas no âmbito de uma investigação paralela sobre supostos subornos pagos a policiais.
Até o momento, no entanto, nenhum dos detidos foi formalmente acusado e todos estão em liberdade condicional.