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Fim da guerra civil da Angola fez com que economia crescesse 800% em 9 anos

postado em 06/04/2012 08:00
Poucos países experimentaram o alívio do fim de uma guerra como Angola. Há 10 anos, as duas principais forças políticas locais assinaram um acordo de paz que terminou com mais de duas décadas de luta armada, fora o período de conflito pela independência de Portugal. O resultado é que Angola viveu um boom econômico, com o Produto Interno Bruto (PIB) crescendo mais de 800% em nove anos. Estradas foram construídas, a população rural voltou a plantar suas lavouras e nações como o Brasil passaram a investir no recém-nascido mercado consumidor. Mas o país ainda patina quando o assunto é desenvolvimento. Angola ocupa a 146; posição no ranking da ONU e, segundo o próprio governo, 36,6% da população vivem abaixo da linha de pobreza.

Ao contrário do que pode parecer, o problema não é falta de dinheiro. Com grandes reservas de petróleo, a principal fonte de renda é a exportação do recurso para a China e para os Estados Unidos. Os ganhos, porém, acabam voltando para a indústria petroleira, e há pouco investimento em outros setores da economia, uma prática suicida a longo prazo. ;Angola não recebe ajuda financeira de outros países por causa disso. O mundo percebeu que não há carência de dinheiro, mas sim de gerenciamento;, afirma Assis Malaquias, analista angolano do Africa Center for Strategic Studies.



PARA SABER MAIS
Angola e a longa busca pela paz

Os angolanos conheceram a guerra em 1962, quando forças políticas de todo o país se uniram para lutar pela independência de Portugal. O conflito terminou em novembro de 1975, mas foi imediatamente seguido pela eclosão de uma sangrenta guerra civil. Grupos que haviam brigado pelo fim da colonização portuguesa passaram a lutar entre si. O mais curioso é que os dois principais movimentos reproduziam, em território angolano, a polarizada briga entre Ocidente e Oriente.

De um lado, estava o Movimento Popular de Libertação da Angola (MPLA), apoiado pela União Soviética e por Cuba e, de outro, a União Nacional para Total Independência de Angola (Unita), que passou a se aliar aos Estados Unidos após o fim da dominação portuguesa. Os dois movimentos chegaram a assinar um acordo de paz em 1991, com a realização de eleições no ano seguinte. O pleito, indireto, deu vitória ao líder do MPLA, José Eduardo dos Santos, mas o chefe da Unita, Jonas Savimbi, não reconheceu o resultado e a guerra recomeçou.

Savimbi foi morto por soldados governistas em fevereiro de 2002 e, em abril, foi assinado o acordo de paz. O conflito matou 500 mil pessoas e deixou outras milhares feridas e mutiladas. A existência de minas terrestres foi um problema no país mesmo após o cessar-fogo. Outra dificuldade foi a reconciliação. A guerra civil era mantida por pessoas mais ricas, que aliciavam a população mais pobre para lutar ou trabalhar para os movimentos. Muitas vezes, vizinhos ou membros de uma mesma família eram inimigos.

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