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Morre Raymond Aubreac, importante figura da resistência francesa

Agência France-Presse
postado em 11/04/2012 14:09
Paris - Raymond Aubrac, uma das principais figuras da resistência francesa à ocupação nazista, durante a Segunda Guerra Mundial, morreu na noite de terça-feira (10/4), aos 97 anos, no hospital militar de Paris.

Foi um dos fundadores do movimento Libertação Sul ("Libération Sud") e um dos últimos dirigentes da resistência a ter conhecido Jean Moulin, líder do combate contra a ocupação alemã. A sua colaboração com Moulin ajudou a transformá-lo numa espécie de lenda no universo da resistência francesa, imortalizada no cinema. Ele e a mulher foram incansáveis testemunhas de uma época, levando seus depoimentos a escolas, até a morte de Lucie, em 2007.

Engenheiro de formação, nasceu no dia 31 de julho de 1914 numa família judaica sob o nome de Raymond Samuel, na véspera da explosão da Primeira Guerra Mundial; mais tarde, presenciou a deportação dos pais e do irmão para Auschwitz, onde morreram.

Simpatizante comunista, mas hostil ao pacto germano-soviético, Aubrac foi o último sobrevivente dos chefes da resistência a serem presos quando reunidos, em junho de 1943, junto com Jean Moulin, num célebre encontro na localidade de Caluire, voltado para unificar a atuação contra o ocupante.

Do grupo de presos em Caluire, Aubrac e 14 outros foram libertados numa audaciosa operação de resgate organizada por sua mulher, então grávida, e também considerada uma lenda da resistência. O episódio foi relatado no filme de Claude Berri, de 1997: "Lucie Aubrac". Auxiliado por seu advogado Jacques Verg;s, Raymond Aubrac conseguiu ganhar todos os processos de difamação.

Durante a Libertação, foi nomeado, em agosto de 1944, comissário regional da República em Marselha até ser encarregado por Charles de Gaulle, no início de 1945, da árdua tarefa de varredura de minas do litoral. Diretor, depois inspetor geral da Reconstrução, este engenheiro civil renunciou a uma carreira de funcionário de alto escalão. Ajudou a fundar, em 1948, o BERIM, Birô de Estudos Especializados no Comércio com o Bloco Comunista, que dirigiu durante 10 anos, e que foi acusado de financiar o Partido Comunista Francês (PCF).

Ele se reuniu com Ho Chi Minh, quando este foi negociar, em Fontainebleau, a independência da Indochina, tornando-se seu amigo. Durante a guerra do Vietnã, desempenhou um papel discreto mas determinante, durante as negociações secretas entre os Estados Unidos e o Vietcong, com muitas idas e vindas entre o secretário de Estado americano Henry Kissinger e Ho Chi Minh.

Raymond Aubrac publicou sua autobiografia em 1996, "O; la mémoire s;attarde" (1996), ou Quando a memória tarda, numa tradução literal.

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